Mulherzinha.com
Para todas as meninas que se identificam com essas histórias. Para todos os meninos curiosos sobre as manias femininas. Para os desinformados que acreditam que mulheres são anjinhos infantis e intocáveis. Para os machistas e para as feministas me odiarem. E, finalmente, para que eu não me sinta uma louca cheia de manias estranhas e encontre parceiras nas maluquices.


sábado, abril 24, 2004  

Voltando à ativa
Considerações sobre a retomada da vida de solteira

Você já tem mais de 25 anos e se acha muito velha para sofrer por corações partidos? Você parou de fazer as contas de quantos namorados e casos já teve com medo de chegar à conclusão de que você não foi feita para a vida a dois? Você não tem mais saco para noites na boate? Não se desespere: existe saída para quem ficou solteira de novo.

A primeira medida que uma recém solteira deve tomar é ligar para deus e o mundo nos finais de semana. Até aquelas pessoas que você não tem mais contato, até aqueles colegas de faculdade com quem você fez trabalhos em grupo e que ainda hoje, por alguma razão inexplicável, figuram na sua agenda eletrônica do celular. Todo mundo é uma ótima companhia, só os filmes da Meg Ryan é que não são.

Depois que você já fez contato com essas pessoas bizarras e longínquas, aceite os convites de programas. Não digo programas no sentido de encontros amorosos, mas sim qualquer tipo de lazer. Lembre-se que o importante é não ficar em casa ruminando pensamentos inúteis. Se é pra ruminar pensamentos inúteis – e a gente sempre faz isso – que seja no bar, entre gim tônicas e piadas de ocasião.

Tente encher as 24h do seu dia de tarefas produtivas. Ignore aquela última horinha, aquela em que você encosta a cabeça no travesseiro e se pega pensando no passado. Quando essa hora chegar, conte carneirinhos, coloque uma música pra tocar bem baixo no som e tente entender a letra (quando for em inglês), ou imagine o Brad Pitt sem camisa. É idiota, mas dá certo.

Tope qualquer programa: chá de panela, batizado, rave na Chapada dos Guimarães.

Apague o telefone do seu ex no celular.

Aproveite a pequena tristeza para emagrecer, e depois compre sapatos, dividindo em cinco vezes no cartão. Depois saia com seus sapatos novos (ou blusa, ou calça, ou minisaia) e flerte com os meninos. Só não aconselho ficar com ninguém porque qualquer pretendente seria a escória, nesse momento.

Cozinhe miojos superproduzidos. Viaje com os seus pais. Visite a sua avó e leve um chocolate pra ela. E se tudo isso ainda for pouco, vá ao cinema sozinha. Não há nada como duas horas no escuro, totalmente desligada da realidade.

Daí, quando você se dá conta, está gostando de ser solteira de novo. E procurando, de novo, um cara interessante pra dar uns beijinhos.

posted by Unknown | 4:28 PM


sexta-feira, março 12, 2004  

Abrindo Precedentes

Descobri recentemente que em relacionamentos tudo é negociação: se você quer alguma coisa que sabe que o seu namorado não concorda, tem que barganhar discretamente pelo seu desejo. Uma situação que sempre acontece comigo e com meu respectivo é a decisão de ir ou não ir para lugares bagaceiros (dá pra adivinhar que sou eu que sempre quero cair na lama da bagaça e é ele, homem sério, que sempre resiste). Confesso que na maioria das vezes eu perco o jogo e ele acaba não indo – mas eu vou sozinha, só pra implicar. Eu sou muito mirim quando a questão diz respeito à vida a dois.

O problema é que quando o seu cônjuge faz um esforço para fazer uma vontade sua, você está dando uma oportunidade para que ele peça o mesmo. Por exemplo: festa de família. Uma vez que a insistência tenha partido de um lado, o outro lado vai se sentir no direito de exigir o mesmo. Denominei o ato de exigir algo sabendo que esse algo voltará em forma de outra exigência de Abrir Precedentes (nota: o termo foi copiado da Baxt. Mas ela sabia que eu ia usar pra fazer um texto aqui, por isso não serei processada).

Vamos aos exemplos práticos:

Maria, que namora João, continua amiga de seu ex, o José. Um dia, José faz aniversário e decide dar uma super festa. Convida Maria, que não só resolve ir, como comunica a João que ele vai também. Resultado: Maria, sem saber, abriu precedente para que João compareça a festas de suas ex-namoradas, qualquer uma delas, até aquela em que a história ficou mal resolvida.

Namorar é realmente muito difícil. Os que conseguem com sucesso deveriam estar envolvidos nas negociações de paz no mundo.

posted by Unknown | 4:59 AM
 

A voz de bebê

Existem coisas que eu abomino e que, mesmo assim, inexplicavelmente, me pego fazendo. Uma delas é a voz de bebê. Esse fenômeno só ocorre quando estou namorando e quando me dirijo, obviamente, ao meu namorado. Tem a ver com aquela vontade que está escondida, debaixo de anos e anos de solteirice, no fundo do meu ser: a de ser mimada.

Homens reclamam, mas na verdade gostam quando as namoradas fazem voz de bebê. O lance é que, nessa hora, elas mostram como são frágeis e necessitadas de suas companhias viris e másculas. Homens adoram se sentir viris e másculos, protetores e resolvedores de questões. E as mulheres, vez ou outra (talvez por preguiça mesmo), deixam que eles ajam assim.

Quando usada em público, a voz de bebê é pagação de mico. Principalmente se, no momento, o casal estiver cercado de amigos solteiros. Talvez os comentários jocosos não surjam na frente dos dois, mas virão, com certeza, mais tarde (provavelmente quando os amigos solteiros estiverem reunidos sem o casal).

Nas horas em que me pego fazendo voz de bebê, respiro fundo e mentalizo: “Não tenho cinco anos. Tenho 26”. Meu namorado ajuda a identificar esses momento gritando “Voz de bebê, não! Voz de bebê, não!” E assim eu, independente, moderna e bem resolvida na medida do possível, me encho de vergonha e volto a falar que nem gente. Voz de bebê só é aceita na hora de falar com animais. E, mesmo assim, com restrições.

posted by Unknown | 4:56 AM


sexta-feira, janeiro 30, 2004  

Amigos públicos

Humanos são seres baixos e vingativos. Mulheres são os seres mais baixos e vingativos dos humanos. Homens são seres quase inocentes, que caem nas pilhas baixas das mulheres vingativas. Resumindo: a humanidade é uma bagunça. Por exemplo: nós adoramos mostrar para nossos ex que estamos saindo com garotos lindos e apaixonados. Mas a verdade é que quando finalmente encontramos garotos lindos e apaixonados, nós mesmas já estamos envolvidas até o último fio de cabelo com o personagem novo. E aí, passa a não ter mais a mínima graça desfilar na frente de algumas pessoas. A vingança é um prato que deve ser comido quente.

Na época em que mais precisamos de homens lindos e apaixonados, eles simplesmente desaparecem. Pode ser nessa situação de vingança pessoal, ou então quando estamos carentes, sozinhas em casa, consumindo DVDs tarja preta. Os homens lindos e apaixonados sentem a quilômetros de distância o cheiro de mulheres com dor de cotovelo.

Mas existe uma saída, mesmo que não seja a melhor opção. Conseguimos, com um simples telefonema, um homem lindo, porém não apaixonado. Não, não estou falando de serviço de scort (embora eu já tenha considerado, em momentos de raiva extrema, contratar um desses caras). Estou falando dos Amigos Públicos: aqueles que já ficaram com todas as amigas, nunca namoram ninguém e não se incomodam de serem chamados para tapar buracos em corações despedaçados. Os Amigos Públicos são uma versão carinhosa de homem objeto. Toda mulher tem que ter pelo menos o telefone de um amigo público.

Sabe aquela noitada que você vai arrastada pelas suas amigas que acham que já é hora de você sair da deprê do relacionamento passado? Sabe aquelas ocasiões em que você sabe que vai encontrar rostos indesejados? Sabe aquele final de festa em que todo mundo ficou no 0 a 0? Pois é. Nessas horas, quem poderá defender você é o amigo público.

Porém, amigos públicos devem ser acionados com respeito, porque eles possuem dois perigosos efeitos colaterais: ou o cara acaba gostando de você, ou você acaba gostando do cara. Nunca ouvi uma história de um amigo público que virou namorado - mas, sei lá, nessa vida tudo pode acontecer. Mas já ouvi muitas histórias de meninas que acabaram se apaixonando por seus amigos públicos. Mulher é um bicho bobo mesmo, sempre mistura as estações.

posted by Unknown | 1:23 PM


segunda-feira, janeiro 05, 2004  

Existem machinhos no mundo

Recentemente descobri uma nova subdivisão nos três (ou quatro) gêneros humanos: os machinhos. Aqueles caras que fazem piadas sobre o tamanho supostamente avantajado de seus órgãos sexuais e que dividem as mulheres em dois grupos – as que choram e as que não choram na frente deles. As que choram eles tratam como bibelôs de luxo, que eles colecionam e colocam na estante pra exibir pros amigos. As que não choram eles tratam de maneira pouco carinhosa porque consideram que elas têm resistência suficientes pra agüentar grosserias. E eles também sentem um pouco de medo delas.

Todos os homens no mundo têm a sua parcela de machinho, assim como todas as mulheres são meio santas e meio putas ao mesmo tempo. A questão está nos que deixam o machinho dominar seu cérebro, transformando os caras em homens intragáveis. O machinho não deixa a namorada dirigir o carro dele quando ele está bêbado e acha que a função da mulher no mundo é cuidar do seu homem (ele ainda não entendeu que as mulheres até gostam de cuidar de seus homens, desde que isso não seja uma obrigação).

É fácil identificar um machinho. Eles entram na frente de uma mulher na fila do elevador. Ou criticam as meninas que participam ativamente de discussões. E reclamam do cumprimento da saia das namoradas. Acreditem: existem homens assim atualmente, e eles não estão escondidos em vilas do interior do Brasil. Eles estão por aí, no Baixo ou no Posto 9. Falando mal das meninas que não choram.

posted by Unknown | 7:31 AM


terça-feira, dezembro 09, 2003  

Domingueira phone call

Existem aquelas amigas que são parceiras de roubadas consecutivas. Aquelas que, mal começa a sexta, a gente já liga pra saber qual será a programação dos próximos três dias. Essas meninas (são sempre meninas, por mais que nós tenhamos muuuitos amigos homens e outro número igualmente grande de amigos gays) são aquelas que fazem o follow up dos acontecimentos da sua vida. Seja por email, por longas ligações via telemar ou chopinhos intermináveis no Baixo. O fato é que elas sabem mais de você do que seus próprios pais.

Mas às vezes, sabe como é, as parceiras de roubadas arranjam namorados ou casinhos ou simplesmente festas onde não podem carregar você como agregada. Daí, por uma noite no fim de semana, ocorre a separação.

As noites sem as amigas inseparáveis não são exatamente um tédio. Mas o problema é que passamos a festa inteira pensando: “Meu deus, não acredito que esse cara tá aqui! Preciso falar pra fulana” ou “ Caramba, whisky liberado! Pena que a fulana não tá aqui” ou ainda “Eu aqui com meu sapato novo e a fulana ainda nem viu”, e por aí vai.
Enfim, uma noite sem a parceira inseparável é sempre uma noite divertida, porém cheia de saudades.

Para compensar esse pequeno gap de acontecimentos vividos em dupla, existe o Domingueira Phone Call. Domingueira Phone Call é o ato de ligar para a amiga de fé e contar, com detalhes, todos os acontecimentos da noite anterior em que ela não esteve presente.

O Dominguiera Phone Call tem certas regras. A primeira de todas: nunca ligar antes de 1h da tarde – a não ser que esteja sol, porque aí provavelmente vai rolar praia. A Segunda: sempre perguntar sobre a noite da sua amiga, que com certeza também vai estar repleta de acontecimentos bizarros e elefantes cor de rosa. Terceira: se a sua amiga estiver ocupada/dormindo/comendo/etc, segure a onda e ligue mais tarde. Quarta: essas ligações NÃO devem ser feitas pelo celular, sob o risco de uma surpresa desagradável no final do mês, quando a conta chegar.

Geralmente, eu passo o sábado selecionando as informações relevantes que serão passadas para as minhas amigas de roubadas. Depois, no domingo, assim que acordo, tomo um copo de nescau tamanho extra large, assisto um pouco de sony, leio um pouquinho, dou uma arrumada no quarto e só então ligo pras meninas. E às vezes ainda acordo muitas delas... E aí é papo papo papo, quem estava, quem não estava, o que tocou, o que rolou, um relatório completo, minucioso e totalmente parcial dos fatos.

O Domingueira Phone Call termina com a programação de algum encontro, tipo cineminha light, praia (em dias de sol) ou passeios estranhos no Jardim Botânico, onde passaremos a tarde re-comentando os fatos da noite anterior e lembrando de novos acontecimentos, com o correr do dia. As mulheres podem ser muito analíticas, às vezes.

posted by Unknown | 5:52 AM


quinta-feira, novembro 27, 2003  

A minha primeira vez

Mulher é um bicho sofredor por excelência. Parece que tudo é mais difícil, mais existencialista, masi pesado para as mulheres. O mundo é cruel. E, como se não fosse suficiente nós termos que conviver com a nossa crise existencial, com a TPM, com os padrões de beleza inatingíveis a la Gisele Bundchen e com o relógio biológico, ainda temos que agüentar a maior das torturas femininas: a depilação.

Sempre me neguei a entrar para o clube das mulheres depiladas. Não que eu fizesse parte de algum clube naturalista, com almoços de domingo com todo mundo pelado e com muitos cabelos embaixo do braço. Eu simplesmente era partidária da forma mais barata - e indolor - de fim dos pelos indesejados: a gilete. Mas, sabe como é, um dia a gente pára para conversar com amigas e elas nos influenciam. E eu sou extremamente influenciável. Então...

Telefone:

- Blá Blá Blá Coiffeur, boa tarde.
- Boa tarde. Eu queria marcar uma depilação.
- Pois não. Tem preferência por alguma profissional?
- Não.
- Ok, então vou marcar você com a Das Dores.

Ótimo. Minha primeira experiência masoquista será com uma depiladora chamada Das Dores. Sugestivo.

Das Dores é modesta. Mora em Bangu e nunca sequer passou em frente à praia da Barra. Eu lhe aviso que é a minha primeira vez na câmara de torturas, e ela pega leve. E bate papo. Fala de coisas da vida dela. De como o marido pede que ela faça desenhos com os pêlos de sua virilha (depois ela me explica que é possível fazer gatinhos e outros animais. Me pergunta se eu quero fazer algum e eu respondo: " não, obrigada, já tem novidade demais hoje").

Uma hora se passa e Das Dores é praticamente minha amiga. Compartilhamos segredos e trocamos dicas sexuais. Chego à conclusão de que a depilação é a versão feminina para a ida ao barbeiro, quando os garotos são recebidos pelo cortador de cabelo com a Playboy do mês nas mãos. Mas o nosso clube, infelizmente, é muito mais doloroso que o deles.

Não vejo Das Dores há um tempo. Troquei a amizade por uma clínica impessoal, porém mais higiênica, com mulheres de máscaras e luvas e decoração clean. É que eu não agüentaria ser amiga de Das Dores. Ia acabar indo buscá-la em Bangu só para mostrar a praia da Barra a ela. E, convenhamos, amigos eu já tenho demais, não preciso conhecer mais ninguém. Das Dores que me perdoe, mas da nossa relação eu só guardo seu cartãozinho, que eu vou mandar pra Trip naquela seção de nomes engraçados.

posted by Unknown | 12:29 PM
 

A mão esquerda (ou direita?)

O último sinal que o mundo nós dá de que não tem jeito, nós estamos mesmo virando adultas, é quando passamos a olhar para as mãos do cara que estamos paquerando. Moivo: a procura por uma aliança. É triste, mas é verdade: quando se passa dos 25 nossos alvos tornam-se homens possivelmente casados.

Eu, com o meu famoso Complexo de Peter Pan, nunca reparo nas mãos dos caras. Até porque não sei em que mão fica o tal anelzinho do compromisso. Eu sou totalmente analfabeta nesses assuntos. Mas tenho amigas que têm olhos de lince para enxergar alianças nos dedos dos garotos. É incrível, identificam o objeto a metros de distância, em boates escuras e enfumaçadas. Um verdadeiro fenômeno.

Outro dia, fui assistir Senhor dos Anéis com uma amiga. Nós éramos praticamente as rainhas dos nerds, já que na sessão só tinham uns meninos de 15 anos fantasiados de hobbit. Bom, mas sabe como é, sempre existe uma possibilidade na multidão. E foi assim que nós reparamos, perdido no meio da criançada, um carinha muuuito interessante.

Daí começam os cochichos de cumadres: " Nossa, que gracinha", "todo tímido, olha só", " será que ele tá sozinho aqui?", "vamos dar um jeito de puxar papo", etc. Esse tipo de diálogo faz parte do ritual, mas a verdade é que a gente fofoca, fofoca, mas não puxa papo com ninguém, nunca (quer dizer, a não ser que o número de gim tônicas consumidas já tenha acionado o foda-se para o comportamento social, mas aí é outra história). E no meio da conhecida seqüencia de frases, minha amiga corta o nosso barato: "Ih, pode esquecer, o cara é casado. Olha lá a aliança dele!"

Casado? Um cara daqueles? Tão novinho. Taí uma coisa que eu não entendo. Por que as pessoas se casam, afinal de contas? A Bárbara disse um dia que, da próxima vez que ouvisse um anúncio de casamento, ao invés de desejar parabéns ia perguntar por quê os pombinhos iam se casar. Acho que vou entrar na dela. Também nunca entendi.

Não vale falar que as pessoas se casam por amor. Isso é mentira. Elas podem até morar juntas porque estão apaixonadas, ou pela necessidade, etc. Mas daí a assinar um contrato de propriedade (alguém discorda que casamento, no final das contas, é isso?) e colocar no dedo um símbolo que diz "atenção, eu já tenho dono (a)", aí é muito diferente.

Eu estou falando tudo isso, mas é óbvio que eu vou casar. Um dia vou casar, ter filhos e alugar DVDs no fim de semana. Mas vou fazer tudo isso por uma razão diferente da maioria. É porque sou uma romântica incorrigível. E, mesmo com todo o meu romantismo, eu não vou usar aliança. Primeiro porque não acho necessário (meu pai não usava aliança, e nem por isso ele traía mais a minha mãe do que o resto da humanidade trai o seu cônjuge). Segundo porque não iria combinar com meus outros acessórios. Sabe como é, não queria ter que abrir mão do meu anel de margarida para ter que usar uma argola dourada...

Ah, mas uma coisa: eu espero que o povo que gosta de casar continue casando. Que ninguém tenha sido influenciado pelo meu texto, pelo amor de deus. Adoro festa de casamento - whisky, buquê, vestidos longos. Ia ser muito triste deixar de ser convidada para festas assim.

posted by Unknown | 12:27 PM


quarta-feira, outubro 01, 2003  

Ilusão de Ótica da Pessoa Ausente

Sabe quando você terminou um relacionamento dolorasamente, quase arrancando um pedaço do seu coração? Sabe quando você ainda gosta do cara, mas sabe que não adianta tentar mais nada? Sabe essas situações? Pois é, elas provocam um fenômeno por mim intitulado de Ilusão de Ótica da Pessoa Ausente.

Esse fenômeno psicológico, psicossomático e psiquiátrico refere-se à ilusão de que talvez estejamos vendo o ex que arrancou um pedaço do nosso coração. Falando claramente: a gente sempre acha que o fulano pode estar ali, no meio de uma multidão qualquer (Baixo Gávea, Maracanã, Posto 9 no domingo, show do Cold Play, etc). Vemos milhões de possibilidades de pessoas que, de costas, lembram o fulano. Temos frio na barriga, sentimos pulsações e sensações de quase desmaio antes que o cara vire e mostre que não é quem a gente pensava que fosse.

Acontece que esse engano repetido tem a ver com uma mistura de sentimentos: a de não querer nunca mais ver o cara na sua frente e a de querer desesperadamente encontrá-lo “por acaso” em lugares que ele costuma freqüentar. Por isso, quando a ilusão de ótica vira pra gente e se revela apenas uma ilusão de ótica, ficamos aliviadas e decepcionadas ao mesmo tempo.

A triste verdade é que enquanto somos vítimas da Ilusão de Ótica da Pessoa Ausente, não conseguimos nos divertir. Ficamos paranóicas, olhando para todos os lados, apreensivas com a possibilidade de encontrar nosso amor frustrado nos braços de outra. E, por causa disso, esquecemos outra triste verdade: a de que conseguimos reconhecer nosso ex a quilômetros de distância, mesmo que ele esteja usando uma burca preta numa noite escura.

Mas há cura para essa... síndrome. E a cura é simples. Trata-se de uma técnica por mim intitulada de Técnica do Esquecimento Forçado. Devemos passar a freqüentar lugares onde, absolutamente, encontraremos fantasmas do passado. Devemos procurar olhar para meninos radicalmente opostos (fisicamente, pelo menos) ao nosso ex. No começo, admito que tudo é chato e todos são um saco. Mas depois dá certo. Sempre dá.

posted by Unknown | 12:16 PM


quinta-feira, setembro 25, 2003  

A Resposta Deles
Por Alabaster Asdrúbal

Porque os homens entram nessa de esperar e fazer a parceira chegar ao orgasmo de qualquer jeito.

Na minha ánalise isso deve-se a um (ou uma combinação) dos três perfis descritos abaixo.

1) O atleta sexual

Eles existem. Não são necessariamente ratos de academia ou atletas em qualquer outra coisa, mas na cama (ou no sofá da sala, ou na mesa da cozinha, etc) acham que têm que dar um show. Não esperam o orgasmo da parceira por preocupação genuína com o prazer dela, mas sim porque pensam estar em uma competição. E não aceitam perder. É como aquela brincadeira de ficar encarando. Quem rir (ou nesse caso gozar) primeiro perde.

2) O neorótico

Este é vítima da propaganda feminista. Ele pensa que se não levar sua parceira ao orgasmo todas as vezes, ela vai ficar isatisfeita e vai deixá-lo ou traí-lo. Estes senhores precisam saber que mesmo que ele sempre leve sua amada às nuvens, ela pode deixá-lo ou traí-lo assim mesmo. Mulheres são entidades complexas que necessitam de satisfação em iversas dimensões e não apenas no sexo. Os homens não deviram se preocupar tanto com isso. Pensando só no sexo acabam esquecendo do resto.

3) O voyer

Na sua cabeça uma mulher tendo prazer (seja na cama ou por exemplo comendo uma torta de chocolate) é uma das visões mais belas que se ode ter. Para esse sujeito, o orgasmo femino é a representação máxima dessa visão. Assim como a Barbara descreveu em seu artigo, que muitas vezes para a mulher basta ver seu parceiro ter prazer para se sentir atisfeita, o mesmo vale para ele. Acho que quase todo homem deve sentir isso em relação à visualização do prazer feminino, pois seria uma xplicação perfeita, para a fantasia recorrente no mundo masculino de duas ou mais mulheres juntas em atividades sexuais. Se ver uma mulher tendo prazer já é bom, mais de uma é melhor ainda.

Para concluir o assunto cabe uma pequena observação sobre o orgasmo
masculino. Existe uma crença errônea de que ejaculação = orgasmo. fiquem sabendo que não é! É perfeitamente possível que um homem ejacule no ato sexual e não sinta quase nenhum prazer. Na verdade pode até ser desprazeroso. Muitas vezes o que parece um orgasmo não passa de uma reação fisiológica a um estímulo mecânico. Talvez seja por isso que tantos homes viram para o lado e dormem depois do ato. Eles simplesmente não tiveram prazer e nem percebem isso. Talvez seja hora dos homens sairem as ruas queimando cuecas .

posted by Unknown | 12:22 PM


sexta-feira, setembro 19, 2003  

Mulher Engenhoca
Por Barbara Axt

Eu me sinto uma engenhoca. Que range, cheia de roldanas e coisas. Mas vou começar pelo começo e chegar na engenhoca.

Eu nunca fui feminista, nem feministicamente (ou seja: de forma radical) contra as moças, mas em certos momentos eu tenho realmente vontade de dar um tapa na nuca de todas as que botaram fogo em qualquer coisa remotamente parecida com um sutiã. O tapa viria na hora das palavras de ordem pelo orgasmo feminino. O orgasmo feminino virou uma obrigação.

Não estou falando nenhuma novidade, mas saibam, meninos, que uma transa sem gozar é boa, tá? Esqueça os ecos dos gritos daquelas queimadoras de sutiãs e de algumas revistas femininas daquelas que dão medo. Esqueça as palavras de ordem que reivindicavam o direito ao orgasmo.
É um direito, meus amores. Não é obrigação.

Saibam que duas coisas deixam uma mulher totalmente enlouquecida e mal-humorada. “Não, não vou gozar. Eu quero que você goze. Eu vou te esperar”. Oquei, por uns cinco minutos isso é fofo.

Por mais de cinco minutos, é importante ter em mente que:
1 – eu vou continuar gostando de você se você não conseguir a mágica de me fazer gozar nos próximos 30 segundos. Ps: se eu não gosto de você e estou na cama com você por qualquer outra razão, me fazer gozar não vai mudar nada. Quer dizer, talvez me faça ir para a cama de novo com você, mas não posso prometer nada
2 – se você ficar nesse inheco-inheco-inheco interminável, existe uma chance enorme que sua mulher finja um orgasmo para você sossegar e parar. No meu caso, eu vou olhar no seu olho e falar muito firme. “Chega, eu não vou gozar mas quero ver você gozar! Humpf!”
Portanto, entenda: a trepada tem timing. Se ela ficar durando demais vai perder o timing e a coisa vai ficar chata e eu vou ficar mal humorada. Outra coisa: é muuuuuito legal ver o cara que a gente gosta gozar. Independente se a gente gozou.

Agora vem o outro detalhe que esse talvez não seja tão óbvio. Tudo bem, eu vou demorar, a transa tem timing e eu prefiro ver você feliz e deitar no seu peito do que ficar fazendo movimentos repetitivos e desgraciosos tentando pensar em alguma cena de um filme que eu tenha visto mês passado e tenha turned me on para conseguir um orgasmo.

Mas também não esqueça: nós tivemos uma bela noite, jantamos (ou não), tomamos vinho, eu escolhi uma calcinha legal, sim, eu pretendo gozar uma vezinha.

Claro, você já está cansado, não precisamos começar mais uma, mas aí é hora da força-tarefa-engenhoca!! Mãos, minhas mãos, suas mãos, línguas, e o que mais estiver ao alcance (me refiro apenas a partes do corpo, se alguém tiver uma boa idéia e incluir uma peça de decoração, alimentação ou etc, mande sugestões), todos juntos na mesma canção. E aí sim. Lembra quando você disse que queria me fazer gozar? E que eu disse que não era o caso de ficar forçando a barra e atrapalhando o timing de uma transa que estava excelente? Pois é, essa é a sua hora de mostrar que é legal, fofo, gostoso, bom de cama e que quer me ver feliz. Agora não tem essa de timing, nem de movimentos graciosos. Lembra aqueles esboços de Leonardo da Vinci? Somos nós dois agora, two hearts in one mind e uma engenhoca.

O que eu posso fazer? É meio complicado, mas assim você me faz feliz.
Espero que você também esteja feliz. Aí sim, tivemos uma noite definitivamente legal.

posted by Unknown | 12:34 PM


segunda-feira, setembro 08, 2003  

Oi, esse é só um teste. Vou colocar uma frase bonitinha, então. Para que esse post não fique inteiramente idiota.
Mas não pode ser uma frase minha. Tem que ser uma frase de alguém mais inteligente que eu. Vou procurar uma da Clarice Lispector.
Achei. É a frase que eu mais gosto no mundo. Todas as outras coisas são imbecilidades diante dessa frase. (Não espero que ninguém concorde comigo)

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Essa é Clarice

posted by Unknown | 3:42 PM


quarta-feira, setembro 03, 2003  

“Só uma mulher sai do cabeleireiro com a sensação de que pode dominar o mundo.”
Renata Core

Ok, você levou um fora. Ok, permita-se se entregar a um tempo de depressão: brigadeiro, pijamas, filmes da Meg Ryan. Mas isso tem que ter tempo curto. Não pode durar pra sempre. Toda mulher sabe disso. E toda mulher acorda, um dia, e pensa: está na hora de acabar com essa porcaria de dor de cotovelo. E aí, o que acontece? Toda mulher sabe: é a vez de marcar uma hora no cabeleireiro.

Não sei qual é a relação que se tem com mudanças de cabelos e mudanças de vida. Mas é como se a gente saísse novinha em folha, a alma limpa, o espírito cheirando a talquinho de bebê, pronta pra tudo de novo. Let’s fall in love. Again. Pra que a página seja virada por completo, vale uma passadinha no shopping depois de adquirir o novo visual cabelístico. Mas se não der, tudo bem: os cabelos são a moldura do rosto, minha tia me disse. Se a gente mexe neles, muda por completo.

É fácil reconhecer uma mulher que está virando a página. Ela entra no salão e fala para seu hair stylist: quero mudar tudo. O cara fica eufórico. Então ele pode cortar curtinho? Sim. Então ele pode mudar a cor? Sim. E ele pode fazer alisamento japonês, permanente, balaiage, aplique? Sim, sim, sim, sim. Pode tudo. Contando que me faça (ainda) mais bonita.

Cabeleireiros sabem das coisas. Quando terminam seu trabalho, eles olham pra você e dizem: que liiiinda! Pode não ser muito sincero, mas faz com que você saia de lá e diga: Dá licença que esse mundo é meu de novo. Let’s fall in love. Again.

posted by Unknown | 10:04 AM


terça-feira, agosto 05, 2003  

As mulheres e os sinais do mundo

Que vergonha dizer isso. Mas eu tenho mania de ver os sinais do mundo. Melhor dizendo: eu tenho mania de interpretar os sinais que o mundo me dá.

Interpretar os sinais do mundo significa achar respostas para questões vitais (“ligo ou não ligo? Peço aumento ou não peço? Compro ou não compro?”) em objetos inanimados ou eventos insignificantes do dia-a-dia. Por exemplo: se eu quero saber se devo viajar ou não esse final de semana, eu pego um dado e mentalizo: se der par é porque devo, se der ímpar é porque não devo. Jogo o dado. Vejo o resultado. Tomo minha decisão.

Ok, se você considera isso loucura, provavelmente você é homem. Eu achava, pra variar, que era a única que fazia isso. Descobri que não, que essa é uma prática comum dentro do mulherzinha way of life, quando peguei um dado eletrônico de uma amiga e mentalizei uma pergunta e obtive uma resposta... negativa. Fiquei meio triste. Ela percebeu e perguntou se eu estava fazendo perguntas pro dado. Eu disse que sim (corando), e depois ela confessou que também fazia isso. Aí foi um alívio. Menos uma tonelada de culpas do tipo “como você é ridícula” foram arrancadas de sobre os meus ombros.

Só que a maluquice não pára aí. Porque existe a regra do Melhor de Três. Por exemplo: a questão é saber se devo ou não ligar para um cara. Na verdade, eu quero ligar. Mas não sei se devo (se vou ser bem recepcionada, etc. Inseguranças básicas que nos perseguem mesmo quando não estamos na TPM). Então eu olho em volta e vejo se existe um relógio digital perto de mim. E aí eu penso que se os minutos forem um número par, eu ligo, caso contrário, não ligo. Olho o relógio: ímpar. Daí eu penso: não valeu. Não valeu porque... porque... ah, porque eu não mentalizei a pergunta direito. Faço de novo e dá par. Daí eu penso: ufa, deu par. Mas, pra tranqüilizar a minha consciência - que é extremamente correta - eu olho uma terceira vez. E ligo.

Se por acaso eu só obtiver números ímpares eu penso: foda-se. E ligo pro cara.

Existem também os sinais do acaso. Se alguém passa com uma blusa da banda que o meu... er... objeto de interesse ouve, eu imediatamente acredito que ele está pensando em mim naquele momento. Pensando muito, e de forma apaixonada. Fico até feliz. Como a vida pode ser simples às vezes.

Existe também a modalidade do “Não era pra ser”. Essa consiste no seguinte: ligo pro celular do cara (sempre ele (s)) e, se der fora de área ou caixa postal, penso: “não era pra ser”. Isso não me consola, é claro, e eu acabo ligando mais tarde.

Vá entender. A gente preza bastante o acaso, atribui a ele nomes bonitos e pomposos – Destino, Amor à primeira vista, Almas Gêmeas – mas ignora que acaso e caos são irmãos que andam de mãos dadas. E que pra eles não há explicação que caiba.

Por outro lado, se essa mania não fosse totalmente sem sentido, não seria uma mania feminina. Seria uma mania masculina. E eles que fiquem com todo esse racional acumulado. Eu ainda prefiro acreditar no inacreditável.

posted by Unknown | 3:34 PM


quinta-feira, julho 24, 2003  

O que está acontecendo com as mulheres?

Tá todo mundo com medo. Não é exagero meu. Tenho reparado nas reações das minhas amigas – dos 25 aos 30 anos – quando conhecem um carinha novo. A primeira pergunta que vem à cabeça é: será que ele tem namorada? A segunda é: será que ele é um galinha? E a terceira, já quando rolou o primeiro beijo, é: ai meu Deus, será que eu vou me apaixonar por ele?

Cena básica 1: eu e uma amiga indo pra uma festa no meio da semana

Ela: Aquele nojento não me ligou! Não quero nem saber, vou encher a cara, vou ficar com alguém, vou me divertir! Eu não preciso dele nem de ninguém.
Eu: Calma, garota. Quando foi a última vez que vocês se falaram?
Ela: Há dois dias. Ontem eu liguei e deixei recado. E ele não me retornou! Homem não presta.
Eu: Ah, relaxa. De repente não deu pra ele ligar...
Ela: Não deu?! Como assim?! Tem que dar!! Mas ele já está riscado da minha lista

(toca o telefone celular dela)

Ela: Oi, menino! (bem manhosa) É, to indo a uma festa... Passa lá pra encontrar comigo? Ok, to te esperando. Beijinho.

Sem comentários.

Cena básica 2: eu e uma amiga indo pra outra festa no meio de outra semana

Ela: Ah, não quero nem saber, eu to numa fase de ficar com um monte e não gostar de ninguém.
Eu: Fase que já dura uns dois anos, ne...
Ela: Não. Eu gostei de um aí. Mas ele não quis nada comigo... Dizia que não queria se comprometer.
Eu: e cadê ele agora?
Ela: Voltou com a namorada. Que é casada.

Cena básica 3: eu e minha irmã conversando no quarto

Ela: O fulano não fica no meu pé como antes. E bem agora que eu tô ficando a fim dele...
Eu: Vai ver ele cansou de ficar te ligando e você esnobando ele, né.
Ela: Eu nunca esnobei ele! Eu apenas não queria sair com ele antes. Queria que ele fosse meu amigo....
Eu: Rá! Deixa de ser boba. Agora que ele não está mais te bajulando você está a fim.
Ela: Ai, será que ele vai ligar? Será que eu ligo? Será que ele vai estar na Nuth hoje?
Eu: Liga logo pra ele e marca!
Ela liga. Eles marcam. Mas, infelizmente, não foram felizes pra sempre.

Cena básica 4: Reunião de mulheres na casa de alguma delas.

Mulher1: Cheguei à conclusão de que, na nossa idade, quem está solteiro vai ficar solteiro pra sempre. É o solteirão convicto. Nem adianta tentar. A gente tem que ver aqueles que têm perfil de compromisso.
Mulher2: Os homens são todos uns covardes. Tremem nas bases quando estão se apaixonando por alguém. Amarelam. Todos muito manés.
Mulher3: A situação clássica de “ele começou a gostar mas não quis abrir mão de todas as meninas que pode comer quando está solteiro.”
Mulher2: A mulherada está um perigo. Elas estão atacando. Desse jeito, não tem como segurar alguém por muito tempo.

Eu (rezando baixinho): Ai, meu Deusinho querido, por favor libera toda essa gente de tanta dor de cotovelo! Inclusive essa que vos fala.

Alguma coisa de estranho acontece com as mulheres à beira dos trinta. Alguém, por favor, me libere de passar por isso.

posted by Unknown | 3:34 PM


terça-feira, julho 15, 2003  

Eu preciso contar isso pra alguém

Mulher tem mania de dividir com as amigas as coisas boas que acontecem com ela. E também as coisas ruins. E também as coisas previsiveis. E também os acasos, os programados, os inesperados, as riquezas, as perdas, as dores de corno e as receitas de pavê de chocolate. Mulher tem mania de contar tudo. Até o que o cara fez ou deixou de fazer nos momentos de, digamos assim, intimidades carnais.

E tem mais: amiga que é amiga tem que fazer o follow up dos acontecimentos. Por exemplo: nao basta a outra ouvir que hoje você conheceu um cara lindo. Ela tem o dever de perguntar amanha se o cara ligou de noite. Se ela nao perguntar, a interlocutora tem um dos piores defeitos da humanidade: o de nao escutar o que você estah falando. Por isso, os segredos devem ser divididos e seguidos como se fossem capitulos de novela.

Tudo vai muito bem enquanto as coisas estao seguindo o caminho do crescimento. Eh otimo contar para os outros que tudo estah dando certo e que em breve você entrarah em estado de gloria absoluta e se tornarah, assim, uma espécie de Mulher Maravilha dos anos 00. O problema é quando a gente leva uns puxoes de tapete e a historia toda dah pra tras. Contar tristeza soh é bom quando a gente estah a fim de desabafar. Mas, como umas dez pessoas diferentes ouviram a mesma historia (na época em que tudo de bom estava acontecendo), as mesmas dez pessoas gostarao de saber o que aconteceu depois. E você se verah obrigada a repetir aquela ladainha triste inumeras vezes. E vai ficar deprimida todas essas vezes.

Depois de contar a parte ruim, o mais comum é que a gente pense: “Da proxima vez, vou guardar a historia pra mim até que eu tenha o produto concreto daquilo nas maos.” A gente pensa isso, pensa em absurdos como olho gordo, inveja, azar e macumba – inclusive, considerando a possibilidade de ter uma falsa amiga entre nos. Mas nao tem jeito. Eh tao naturalmente feminino quanto progesterona, estrogênio e todos esses hormônios que causam crises existenciais. E entao, na proxima boa novidade, nao conseguiremos esconder o sorrisinho de satisfaçao. O mesmo que vai fazer com que nossas companheiras mandem emails desesperados perguntando o por quê de tanto bom humor. E vamos contar tudo, tintim por tintim, na hora daquele cafezinho da tarde.

posted by Unknown | 3:56 PM


sexta-feira, junho 27, 2003  

Por onde anda o homem cavalheiro?

A triste verdade é que nos, meninas do século XXI, estamos desacostumadas com cavalheirismos. Nessa loucura de mundo moderno em que a mulher tem que ser tao durona quanto qualquer mancebo, as pequenas gentilezas se foram. Até aqui, nada demais. O problema é quando começamos a achar estranho quando um cara é cavalheiro com a gente.

Olha um exemplo meu: um dia desses, saih com um amigo americano para tomar um chope no Baixo. Passei na casa dele e nos fomos pro Galeto, encontrar com outras pessoas. Na hora de sair do carro, meu amigo gringo saiu do lugar dele, no carona, deu a volta no carro e se posicionou para fechar a minha porta. Mas eu, engrossada pela vida, acabei batendo a porta antes dele. O ato extremamente delicado dele transformou a situaçao em cena dos Trapalhoes: patética. Ele ficou sem graça. E eu, envergonhada, por tê-lo feito ficar sem jeito.

Enquanto isso, os homens se enganam. Acham que a gente prefere aquele estilo cafa, meio displicente com as mulheres. Confesso que me sinto desconfortavel com tanto frufru. Mas antes isso que um cara que sai andando na nossa frente, sem nos dar a minima bola.

Pelo menos o habito de acender o cigarro ainda existe. Mesmo que seja pra passar aquela cantada estilo Mala de Pista de Dança. Alias, acabo de lembrar de uma situaçao pra la de bizarra, protagonizada por uma amiga minha. Ela estava numa boate quando surgiu, laaa do outro lado da pista, o Paulo Ricardo (aquele do RPM). Minha amiga tentava em vao acender seu cigarro com um isqueiro que falhava. Paulo Ricardo, vendo uma donzela em apuros, atravessou o salao com seu Zippo em punho. Dizendo: “Você precisa de um homem”, ele acendeu o cigarro dela. Minha amiga sorriu e saiu de perto. Todo aquele botox deixou a menina assustada.

posted by Unknown | 3:56 PM


terça-feira, abril 22, 2003  

Os filmes e a vida afetiva

Existem filmes que me deixam mal. Geralmente sao filminhos que todo mundo encara como se fossem inofensivos, mas que na verdade carregam uma concepç?o de amor e relacionamento que estah totalmente por fora da minha realidade. Eis aih o porquê da minha melancolia: eu queria que a minha vida fosse um filme da Meg Ryan.

Ok, Meg Ryan nao, porque aih jah é pegar pesado demais. Talvez o meu filme esteja mais para “Proxima Parada: Wonderland”. Uma coisa assim desencontrada, um azar de acasos que depois culmina em final feliz. Eu acho que todo mundo merece um final feliz na vida amorosa. Até meus inimigos. Talvez até o Fernandinho Beira Mar. Quem sabe amando intensamente ele nao sossega um pouco e abandona o mundo do crime? Mas enquanto eu nao chego la, no mundo magico dos happy ends, confesso que esses filminhos me incomodam.

Outro exemplo é o “Lucia e o Sexo”. Eu fiquei meio obcecada por esse filme e acabei saindo tristinha do cinema. Depois, revi em video (acompanhada) e o efeito foi o mesmo. A razao é a seguinte: no começo do filme, a Lucia vai até um cara que estah sentado em um bar e pede pra conversar com ele. Ela diz que é garçonete, que trabalha em um restaurante proximo ao bar, que estah saindo com o chefe dela e que, hoje, o chefe perguntou o que ela acharia dos dois morarem juntos. Ela disse que precisava pensar, e abordou o cara do bar porque queria consulta-lo antes. Acontece que o cara do bar é um escritor de quem Lucia tem todos os livros. Ela diz para o escritor que é apaixonado por ele, que sabe que ele freqüenta aquele bar e que, na verdade, ela queria morar com ele (o escritor). E termina dizendo que com o tempo com certeza o escritor se apaixonaria por ela também. O homem ouve tudo calado, e no final apenas fala: “Acho que jah estou me apaixonando.” Pega a Lucia pela mao e diz que é preciso comemorar aquele dia. O dia em que os dois iriam morar juntos.

Me diz: isso é possivel de acontecer na vida real?

Mas eu nao sou a Lucia, nem a menina do Wonderland, nem a Meg Ryan. Fica dificil aceitar as poucas ofertas do destino que me aparecem. Eu sempre fantasio. E sempre acho que a realidade é muito sem graça. Mas, do mesmo modo que eu sou viciada em cigarro, chocolate, gim tônica e mais um monte de coisas que fazem mal, eu também sou viciada em filminhos de final feliz. Eh o mulherzinha way of life. A gente luta, luta, luta contra isso, mas continua sem perder um capitulo de Ally MacBeal. Fazendo segredo pra que ninguém descubra e acabe com a sua reputaçao.

posted by Unknown | 3:32 PM


terça-feira, abril 08, 2003  

Agora eu ando por aqui direto. Desde que o Blogger resolveu que o meu blog antigo - Pequenas Observações sobre coisas sem importância - deveria parar de funcionar. É uma pena. Convenhamos: esse era o melhor nome de blog da rede!! Enfim, uma nova era se inicia. À todos que por aqui estão passando: sejam bem vindos.

posted by Unknown | 4:12 PM
 

Quantos acasos sao necessarios pra unir duas pessoas?

Marcelo namorava uma menina ha seis anos. Ela havia passado com ele a adolescência, cultivando com o namorado os desejos e sonhos de vê-lo tornar-se um cara famoso, endinheirado e bem-resolvido. O problema era que Marcelo, como ser humano naturalmente miseravel como todos nos somos, subiu no salto alto assim que surgiu em sua vida uma pequena amostra de reconhecimento, bens matérias e auto conhecimento. Subiu a tal ponto que ele resolveu que, para uma melhor aprendizagem da vida, ele precisava ciscar por outras areas.

A pobre da namorada – uma menina meiguinha e muito apaixonada por ele – ficava em casa esperando que o amado voltasse das bebedeiras que, segundo ele, eram fundamentais para que o mundo fosse entendido e degustado por sua alma sempre carente de novos aprendizados. Ela esperava, esperava, meio Amélia, lendo Clarice Lispector. E ele chegava em casa e beijava a menina no rosto e dormia com ela, agarradinho.

Um dia, porém, ela cansou. Chorou, sofreu e terminou o namoro. De repente o Marcelo nao tinha mais o seu chao - porque a namorada, naquele tempo, trazia de volta ao planeta Terra os pés de Marcelo, que andava por estratosferas muuuito longe da realidade. Quando ela disse “chega”, ele levou um tombo. Nao esperava. E o pior: ela encontrou outro menino que estava para ela assim como ela estivera para Marcelo.

Marcelo andou sozinho durante semanas. Era um trapo. Sentia falta da namorada e nao conseguia mais trabalhar. Deixou a barba crescer. Decidiu que nao deveria mais tomar cerveja – mas rompeu com a promessa no primeiro bar que encontrou. Tornou-se melancolico e ganhou uma certa humildade. E foi justamente aih, na humildade reconquistada, que ele atraiu a atençao da Bianca.

A Bianca era uma mulher que ele havia conhecido ha um ano. Ele jah tinha encontrado novamente com ela algumas vezes, mas os dois nao ficavam juntos. Havia alguma coisa de errado, algo que nao permitia a uniao. E agora, quando ela voltou à sua vida, quando ele estava em plena dor de cotovelo, Marcelo n?o pôde deixar de sentir uma certa euforia.

Enquanto isso, a situaçao de Bianca era a seguinte: ela também havia acabado de levar um fora. Mas, ao contrario da maioria dos foras, ela é quem tinha dado um basta ao seu relacionamento. Sofria porque ainda gostava do ex, e planejava se livrar da lembrança do antigo namorado nos braços de outro. Foi quando reencontrou Marcelo, que lhe contou minuciosamente todas as suas afliçoes de coraçao. Bianca viu nele a possibilidade de afogar suas magoas, uma vê que ambos passavam por uma situaçao parecida.
Marcaram uma saida. Sairam. E hoje se casaram? Nao. Aih é que se encaixa a maldade da vida. Para Bianca, Marcelo era um cara bonito, inteligente e tal. Mas ele tinha um problema grave. Gravissimo. Ele beijava muuuito mal. Ela nao conseguia continuar com ele e deu um cha de sumiço.

E o outro, que ainda estava tentando reaver a namorada, nao lamentou muito a ausência da Bianca. Na verdade, ele considerava a Bianca uma menina muito fria, distante... e nao conseguia entender por que ela agia assim. Vai ver nao tinham sido feitos um para o outro. E hoje os dois andam sozinhos.

posted by Unknown | 4:12 PM


sábado, abril 05, 2003  

O dia em que peguei o buquê.

Confesso que sempre tive vontade de pegar o buquê da noiva. Quem pega o buquê deixa o universo dos simples figurantes de casamento – os convidados – e passa a integrar o seleto grupo dos personagens coadjuvantes: pais, irmaos e padrinhos dos noivos. Eh como se tornar uma celebridade. Desconhecidos vêm até você dar os parabéns pela conquista; fotografos de terno e gravata pedem para que você pose ao lado dos donos da festa; os pais do noivo e da noiva pedem para te conhecer. De repente, gente que você nem viu que estava na festa conhece o seu rosto. Eh uma pequena gloria.

No dia em que eu tive a experiência de pegar as flores da noiva, eu estava no casamento de uma amiga de trabalho. Todos os meus carissimos colegas estavam sentados em uma mesa, mordiscando salgadinhos de camarao, quando eu cheguei com o meu troféu, erguido sobre a cabeça, num gesto de vitoria. Confesso que nao foi muito dificil conquistar a liderança, jah que do meu lado esquerdo estava uma garotinha de dois anos no colo do pai e, à direita, estava uma das tias da noiva. Eu me posicionei estrategicamente na primeira fila. Quando as rosas foram jogadas pro alto, peguei o rebote de alguma mulher que estava na fila de tras e nao teve força para agarrar o prêmio que lhe caia nas maos.

Agora que sou experiente no assunto, revelo segredos infaliveis para que o buquê seja agarrado.
Primeiro: posicione-se na primeira fila. As noivas, tadinhas, sempre estao cansadas demais pra jogar suas flores muito longe. Pode reparar que sempre as solteironas da primeira fila ganham. Tah certo que elas nunca casam, mas elas ganham – e o que importa é acaba sendo isso mesmo.
Segundo: certifique-se de que você estah ao lado de concorrentes menos favorecidas que você – seja em altura, agilidade ou idade.
Terceiro: avise antes à noiva que você estarah na disputa, e que você queria muito conseguir pegar o buquê, porque você anda pensando em casar e nao tem pretendente. Chore um pouco, se conseguir. Isso derreterah o coraçao dela, e com certeza você serah favorecida.
Quarto: se o buquê cair direto nas suas maos, agarre forte. Essa mulherada anda muito desesperada hoje em dia; pode ser que tentem arranca-lo de você.
Quinto: nao menospreze os rebotes. Sempre tem uma que deixa o buquê cair no chao. Observe onde ele caiu e parta pra cima dele imediatamente. Esqueça o mico – você estah na fila do buquê; isso jah é mico suficiente.

Depois que o casamento acabou, fui para o aniversario de um amigo em um boteco em Botafogo. Cheguei de longo, pérolas e buquê na mao. A gente tem que aproveitar ao maximo o nosso dia de pequenas celebridades.

posted by Unknown | 10:43 AM


quinta-feira, fevereiro 27, 2003  

Meus dois vicios

Estive pensando outro dia: minha relaçao com os meus namorados é a mesma que com o meu cigarro. Uma coisa meio doentia, viciante, de quem precisa daquilo, mas que na verdade nao agüenta mais aquela vida sem saude. Pra quem nao sabe, parei de fumar ha um mês. Eh uma conquista, claro que é. Mas continuo recorrendo ao meu amiguinho nicotinado a cada noitada em que o gim esteja presente.

E é igualzinho com o meu ex-namorado. Estou solteira ha um mês e ainda, de vez em quando, furtivamente, roubo uns beijinhos dele, pra matar as saudades. Em ambos os casos, a culpa bate um pouco. Mas eu dou um pontapé e ela vai longe: sou careta no dia-a-dia mas mole mole de perder a responsabilidade.

Outra caracteristica: quando parei de fumar, senti um aperto no coraçao, pensando: “ai, ai, nunca mais vou dar um trago de cigarro...” Lamentava o prazer que eu me negava, em prol do bem-viver. E quando terminei o relacionamento, adivinha o que eu pensei: “sem mais beijos no gatinho...” e o famoso aperto no coraçao, de tristezinha boba. Tristeza que so surge pela perda do prazer momentâneo e, por isso mesmo, charmoso e irresistivel.

Meus dois vicios. Os mais importantes da minha lista interminavel de manias e dependências quase quimicas, junto com Nescau, Sex and the City, gim, minimo de duas noitadas por semana, minimo de dois livros por vez, filminhos, fotinhos e tudo o que a vida pode me dar de prazer terreno. Ai, criaturazinha mundana que eu sou.

posted by Unknown | 3:09 PM


terça-feira, fevereiro 11, 2003  

Homem-tabuleiro

Depois de 25 aninhos de praia, descobri que soh nao tenho paciência para um tipo de homem: o que gosta de jogar. Aquele que, antes da gente ligar, tem que ficar imaginando quais as frases e entonaçoes usadas corretamente a fim de que os movimentos saiam perfeitos. Porque qualquer erro - bam! Lah se vai o respeito e a admiraçao duramente construidos em cima do imaginario do homem-tabuleiro.

O homem-tabuleiro cansa porque ele nao admite nem um segundo de exitaçao. Bastou um clima de insegurança para ele sentar no trono, colocar a coroa e agarrar o cetro. Ele passa a agir como se fosse o rei e você, coitadinha, um reles peao na vida sentimental dele.

Pior que sei exatamente quais lances devo dar para prender definitivamente o homem-tabuleiro. Soh que eu, quando estou empolgada com alguém, paro de jogar. Eh o meu defeito. Meu anjinho diz: "Hei, você nao deveria fazer isso, você nao vai se dar bem assim..." e eu respondo: "Que se dane" e acabo entregando de prato cheio todas as minhas peças. Achando que a gente jah passou daquela época de ter que manter o cavalo e a rainha pra que o jogo dure mais. Acabo entregando tudo e depois fico ferrada, porque o homem-tabuleiro leva a melhor sem ter a minima noçao do que estah fazendo.

E, depois de perder pro homem-tabuleiro, a gente sabe exatamente onde errou, e é capaz até de retomar o jogo, se quiser. Mas daih começamos a nos questionar se o homem-tabuleiro estah valendo tudo isso... Porque pensar em cada passo é chato demais. E, cah pra nos, eu nunca tive muita vocaçao pra peça de Banco Imobiliario.

posted by Unknown | 1:55 PM


terça-feira, janeiro 07, 2003  

O amor nos tempos do email

Convenhamos: o amor nao é o mesmo desde a popularizaçao da internet. Graças a deus! O email trouxe uma leveza nas relaçoes pos noitada que o telefone nunca trouxe. Simplesmente porque com o correio eletrônico você pode parar um milhao de vezes e repensar e refazer e etc etc, até que a sua mensagem fique perfeita: uma mistura de sagacidade, ironia, humor fino e seduçao. E você nao é assim no mundo real. Desculpe aih, mas nao é. Você pode até ter momentos, mas soh no virtual todo mundo diz coisas 100% legais.

E tem outra coisa boa: o outro lado soh responde quando quer. Isso pode parecer ruim, mas nao é, porque evita a saia justa. Nao tem nada pior do que você ficar uma hora encarando o telefone pra ter coragem de ligar pra um cara, finalmente ligar, e o cara ser o maaaaais blasé do mundo. Isso é uma merda. Dah vontade de mandar tomar banho (diriam as mais educadas). Com o email, nao. Você se poupa. Eh mais facil levar um fora. E é mais facil convidar pra sair. Ah, o que nao fazem por nos essas telas luminosas....

Mas também tem gafe virtual. Eu brocho na hora quando vejo erro de português. Tudo bem, eu também erro, mas tem coisas que nao da pra deixar passar. Mas sinistro mesmo foi o que aconteceu com uma amiga minha. Ela estava na cômoda posiçao de objeto do desejo (aquele que recebe os emails convidando pra sair). Era um cara que estava, aos pouquinhos, convencendo ela a dar umas voltinhas com ele... Enfim, ele escorregou feio. Mandou um texto desses que circulam pela internet (e que as pessoas dizem que sao do Drummond, da Clarice Lispector ou do Quintana - mas nunca sao realmente deles). Mas ele passou o texto como se ele tivesse esccrito! Ele teve essa cara de pau.

Minha amiga veio pedir minha opiniao. "O que se faz numa hora dessas?", ela me perguntou. E deu as seguintes opçoes:

a) Deleta o cara de vez.
b) Finje que nao era um email-corrente e responde que achou lindo o tal texto.
c) Manda o endereço dele para a sua Junk Box do hotmail, que filtra os spams.
d) Responde de forma irônica
e) Responde de forma sarcastica.

Eu disse: e). Ele merece a opçao e). Beeeem sarcastica. Porque, pra ajudar, você tem a proteçao da tela. Eh muito mais facil ser sarcastica on line.

posted by Unknown | 1:57 PM


terça-feira, dezembro 17, 2002  

O simbolismo do telefone apagado

Você conhece esse filme?
Moça conhece rapaz, curte rapaz e espera ansiosamente que o rapaz a convide pra sair. Ele convida. Eles saem. Ela acha maravilhoso, e torce pra que telefones sejam trocados. Eles trocam; parece um sonho. Ele liga uma vez. Ele liga duas vezes. Mas ele não liga a terceira. A moça acha que é hora dela se mover, mas, quando liga, a voz que atende o telefone soa distante e fria. A moça desiste do rapaz e, como símbolo da ruptura, apaga o telefone dele da memória do seu celular.

Eu achava que essa era uma mania minha, mas, em recente conversa com uma amiga, descobri que a tal mania na verdade é uma prática comum feminina. Só não digo que a minha mãe fazia isso porque no tempo dela não tinha celular. Mas, se bobear, ela fazia a mesma coisa, apagando do caderninho de telefones aquele número maldito, a prova de que nossa alma feminina falhou mais uma vez na procura de sua gêmea perfeita.

Apagar o telefone da memória do celular não é a mesma coisa que apagar o rapaz da sua vida. Não se trata disso. O número dele estará a salvo, anotadinho em alguma agenda escondida no canto do armário. Eu aprendi direitinho que, nessa vida, nunca se joga um telefone fora - ninguém sabe quando vai precisar de uma ajuda aqui ou um favor ali, mesmo que venha de um caso frustrado. Mas, quando o número dele não figura mais na lista imprescindível do seu aparelhinho portátil, isso significa que a importância dele é muito menor. Significa que, se um diz ele ligar, você nem vai saber quem é! E vai atender com a voz mais casual do mundo, sem ter que ficar forçando o tom blasé.

Mas apagar o telefone é um ato triste. Geralmente, eu fico olhando um tempão pro número. Depois, num acesso de raiva eu apago. Ele ainda pergunta: tem certeza? E eu, meio chorosa, respondo: tenho...

Por outro lado, melhor assim. é que agenda de celular é curtinha, cabem poucos telefones, e não vale ficar guardando espaço com quem não está valendo tudo isso. Porque, na boa, o espaço na minha agenda telefônica é tão precioso quanto o do meu coraçãozinho...

posted by Unknown | 1:39 PM


quinta-feira, novembro 28, 2002  

O Avesso da TPM

Às vezes isso acontece comigo, não sei por quê. Acordo e me olho no espelho pensando em como eu sou interessante e gostosa, e saio andando na rua brilhando mais que o sol. Nessas horas eu sou invencível, uma deusa do sexo capaz de arrastar atrás de si uma multidão de homens apaixonados.

É bom quando isso acontece, mas é muito perigoso. Eu acho que se eu acordasse assim todos os dias ia virar a pessoa mais insuportável do mundo. É nesses dias que se algum desafeto meu cruza o meu caminho é fuzilado com todo o meu desprezo. E eu saboreio o olhar de humilhação que se estabelece nos seus rotos quando passo apenas cumprimento com o "oi" mais blasé do mundo. Eu posso ser muito sebosa, às vezes.

Eu tenho esse poder de me sentir rainha do universo, mas ele só me é concedido que nem o cometa Harley: de 76 em 76 anos. Ontem eu estava assim. Encontrei duas pessoas que me incomodam e fui muito escrota com as duas. Não má - escrota mesmo.

Tinha essa menina que namora um amigo meu e que foi bastante sonsa comigo em determinada ocasião. Eu estava numa festa, toda de preto e colares grandes e cabelos ruivos esvoaçantes quando o meu amigo chegou com sua menina. Falei com ele e ignorei ela. Passei a noite inteira conversando com o meu amigo sem olhar uma vez sequer pra sua companheira. No final da noite, ela veio se despedir de mim com o rabinho entre as pernas. Me despedida e me virei imediatamente para continuar o papo em que estava entretida. Foi jogo baixo, mas foi merecido.

Semana que vem eu encontro com ela e prometo que a trato bem. Mas ontem foi a minha noite.

Hoje estou normal de novo, e sinto até um milímetro de remorso corroendo meus pensamentos, mas trato de afastar rapidinho. É bom dar uma pequena lição em quem merece, e eu deixo as minhas aulas de humildade pra quando o Avesso da TPM me acomete. Mas nào se preocupem. A vingança é muito boa, mas não é a razão da minha vida.

posted by Unknown | 2:03 PM


terça-feira, novembro 26, 2002  

tentando colocar comentários....

posted by Unknown | 6:29 AM


terça-feira, novembro 19, 2002  

Véspera de Feriado

Véspera de feriado é uma das coisas mais ridículas que existem, profissionalmente falando. Ninguém faz seu serviço direito de tanta ansiedade pelo dia de amanhã, e os emails pipocam com programações irrealizáveis (festa de hip hop no ballroom? Lapa? Baixo gávea? DVD? dormir cedo pra acordar cedo e ir pra praia?). São milhões de mensagens que congestionam a sua caixa de correio e o seu tempo. E vc tem que se decidir. Vc é obrigado a fazer do feriado o dia mais louco de todos os tempos. Ficar em casa é sinal de que vc é uma pessoa anti-social e sem amigos. Por isso, todo e qualquer convite é bem vindo - a decisão de qual deles aceitar fica pra depois.

De repente, vc se vê fazendo coisas que só faz quando está efetivamente em um final de semana. Depois do almoço, vc chuta a dieta pro alto e manda ver numa torta alemã luxuriosa. Vc começa a fazer as contas de quanto pode gastar e quanto tem que economizar para não passar fome o resto do mês. E, depois disso tudo, vc sai correndo pra comprar um corretivo no shopping porque o seu acabou e nem pensar em sair sem disfarçar essas olheiras.

Finalmente vc decide qual das programações irá abraçar - e essa decisão, obviamente, tem a ver com ó sexo oposto. Assim que chega em casa, começa a pensar em que roupa irá usar e sonha em esticar o dating até o fim de semana.

Depois de pensar sobre tudo isso, eu olhei pro lado e vi uma pilha de trabalho não realizado. Nem pensar em sair mais cedo. Pode esquecer a passadinha no shopping. Tentei falar com os meus amigos mas os celulares estavam fora da área. Ainda me restam, até agora, os DVDs. A vida muda de time rapidinho, não é mesmo?

posted by Unknown | 1:00 PM


quinta-feira, novembro 07, 2002  

Quarta feira no bar

Ontem foi dia de encontrar meu amiguinhos de faculdade no Empório. A gente só consegue consumar esse encontro durante a semana, porque no final de semana todo mundo tem o que fazer - menos eu. Dois dos integrantes do grupo - apelidados por mim carinhosamente de "os terroristas" - têm filhos pequenos, e um outro tem uma namorada/esposa que requer muita atenção. Eu sou a única sem amarras. Mas, de qualquer maneira, ainda conseguimos nos encontrar em happy hours que geralmente terminam às 2h da manhã.

Atrás de nós estava o Bruno do Big Brother Brasil 2. É engraçado ver esses caras do BBB passeando pelo Rio, porque a fama deles é tão meteórica que quando vemos alguns deles na rua, temos e impressão de que conhecemos aquela pessoa e não sabemos bem de onde. Quando o tal do Bruno entrou, minha amiga perguntou pra mim se ele não era algum estudante dos nossos tempos de Puc. Tive que explicar que não, que ele era da televisão, que tinha passado no tal reality show e que agora se tratava de mais um rosto esquecido. Ele ficou sentado numa mesa próxima e foi embora algum tempo depois. Ninguém pediu seu autógrafo nem quis tirar fotos com ele. Talvez ele já esteja se acostumando de novo em ser um ilustre desconhecido.

Logo os gringos começaram a aparecer. Ninguém entende por quê o Empório gera essa atração entre os estrangeiros, sempre circulando pelo bar atrás de meninas morenas e de cabelo crespo. É a teoria que um dos terroristas formou sobre relacionamentos sexuais internacionais: quando os gringos vêm ao Brasil, eles procuram mulatas boazudas ou morenas calientes. Nenhum nunca quer saber de mim, a imitação falsificada de francesa. O raciocínio é bem lógico: se esses gringos podem ter as originais, por que se interessariam pelas cópias terceiro mundistas? Claro que existem as exceções, que só servem para confirmar a minha teoria.

Em dado momento eu fiquei de pilequinho. Em plena dieta, estava com a barriga mais vazia que o show do John Spencer Blues Explosion no Rio, o que facilitou a ação do gim. Resolvi, então, "jantar" e pedi uma tábua de frios. Salaminho e roast beef com gim-tônica são o meu tipo de dieta, definitivamente. Tudo para não comer os carboidratos da pizza.

Toda vez que eu ameaçava pedir uma coca light, era xingada pelos meus companheiros de mesa. Só haviam duas meninas sentadas - contando comigo - e o resto das cadeiras estava ocupado por uns dez homens roqueiros. Estou ficando bastante acostumada a sair cercada de 300 homens, e acho muito estranho quando sento numa mesa de mulherzinhas como eu. Só tenho medo de um dia começar a fazer comentários acompanhados de barulhos inexplicáveis quando ver um homem bonito, já que é assim que reagem meus amiguinhos toda vez que passa uma mulher que eles consideram gostosa.

Um dos garotos, o mais novo de todos, perguntou pra mim se era muito machismo ele folhear revistas como Boa Forma e Nova separando as modelos que ele comeria das que ele nunca chegaria perto. Eu disse: "Imagina, isso não é machismo, isso é ser homem". Todos na mesa imediatamente olharam pra mim com aquela expressão de "saia daqui sua feminista queimadora de sutiã". Mas eu não dei bola, porque geralmente sou taxada de machista pelas minhas companheiras de gênero.

Depois as coisas foram ficando mais devagar. Eu pedi uma coca. Um amigo meu que tinha jurado que seria solteiro pra sempre se levantou para atender a namorada que estava ligando para seu celular - namorada que ele fazia questão de não apresentar para o grupo. O pai do filho da minha amiga passava mensagens de texto ameaçadoras para o celular dela. Tenho uma outra teoria sobre isso: o celular acaba com qualquer relacionamento saudável, seja de amizade ou sexual. E então, eles pediram a conta e fomos todos pra casa.

E eu? Bom, quando eu estava indo embora encontrei um menino com quem saí duas vezes. Era pra ele me odiar mas, por alguma estranha razão do universo, ele não me odeia. Ao contrário. Ele sempre sorri pra mim um sorriso mais largo que o habitual. Hoje resolvi ligar pra ele, só pra checar como andam as coisas. Ele poderia ter atendido, mas não atendeu. Também não estou me importando muito. Achei que esse encontro aos 45 do segundo tempo era o acaso funcionando, mas tenho que repensar toda essa história de acasos e sinais dos deuses. E, afinal de contas, quem me garantiu que encontrar com aquele menino era um sinal positivo do além? Poderia, como deve ter sido, só mais um sinal do gim agindo sobre o meu estômago vazio.

posted by Unknown | 2:47 PM
 

Espaço em branco para apagar posts duplicados duas vezes.

posted by Unknown | 2:47 PM


quarta-feira, novembro 06, 2002  

Eu e as dicas para a paquera

Ganhei de uma amiga um livro chamado “101 dicas para a Paquera”. É claro que ela me deu o presente como piada, depois que nós fomos a um pub e eu não consegui dar um passo em direção ao meu alvo. Porque é claro que tinha um alvo, já que era o pub da moda, cheio de gente jovem e bronzeada. Só que o meu alvo não fazia a mínima idéia das minhas verdadeiras intenções, e eu simplesmente não conseguia mostrá-las. Depois desse dia eu nunca mais vi o cara e, na boa, não tenho muita vontade de vê-lo.

Na semana seguinte, estava lá o meu embrulho sendo entregue pelo correio. Esse é um livro escrito em tópicos, ou melhor, em lições: o leitor vai aprendendo a arte de flertar. Juro que eu morreria pra ver uma foto da autora. Tenho quase certeza de que se trata de uma americana obesa. Mas os editores espertamente não colocaram a foto dela na contracapa. Alguém duvida que se ela fosse um mulherão estaria com a carinha estampada pelo menos na orelha do seu livro? Pois é, minhas dúvidas quanto ao conteúdo começaram daí. Porque, apesar de eu ter ganho como piada, eu estava pronta pra ler aquilo a sério. Mais como um estudo antropológico, mas levando a sério.

Hoje estou na lição 50, metade do caminho. Bom, até agora eu posso confessar que houve um bom conselho: o de sorrir mais. Ela diz pra sorrir pra todo mundo, de bobeira, mesmo pra quem a gente não conhece. Tentei fazer isso um dia mas não consegui; fiquei com vergonha (e me senti uma retardada). Pelo menos passei a fazer isso com quem eu conheço. É que eu posso ser muito séria, de vez em quando.

O resto, acho que posso jogar no lixo. Ela fala, por exemplo, sobre como flertar no supermercado. Bom, não sei os outros humanos, mas eu nunca vi ninguém bonito no supermercado. Pra fazer compras é obrigatório que todas as pessoas estejam vestidas com as suas piores roupas, com os cabelos despenteados e com um leve mau humor. Anyway, suponhamos que eu estivesse em um supermercados, arrumada (o que já seria um milagre) e de repente desse de cara com o, sei lá, Du Moscovis. (lembrei dele porque acabei de vê-lo numa lanchonete. Comentário mulherzinha da vez: uuuuuhhhhhhhhh, ele é um gostoso). Beleza. Até parece que eu ia esbarrar com o meu carrinho no do Du Moscovis. Ou pedir conselhos quanto a marcas de produtos. Ou sugerir que ele não levasse aquela marca de refrigerante porque a empresa utiliza mão de obra infantil na Ásia.

Imagina a cara que o Du Moscovis ia fazer. No máximo, ele ia dar um sorrisinho polido – e eu já teria me dado bem, ganhando um sorrisinho dele, uaaaaaaaaaau. Mas a probabilidade de ele me achar uma mala é muito maior que a de ele me achar uma mulher interessante. Milhões de vezes maios. Se um cara me pára no supermercado pra perguntar qual o melhor detergente, eu saio correndo. Tenho medo, muito medo. De gente que puxa papo do nada. Porque a última vez que eu dei corda pra uma pessoa que puxou papo comigo no ônibus, fui ouvindo a história de vida desse ser humano até o meu ponto. E histórias do tipo: “aí, a minha tia teve que ir no ginecologista e descobriu que estava com um cisto na vagina e teve que operar, mas antes era um sangue só, quando ficava menstruada, ...” e eu quase vomitava.

Bom, porque foi um presente e porque ainda faltam várias lições pra eu ler, não joguei o livro fora. Ele fica estrategicamente colocado no banheiro, para entreter a mim mesma e aos que estiverem hospedados na minha casa. É o tipo de leitura ideal para este cômodo: em tópicos, com palavras fáceis e tema supérfluo, do tipo que a gente não precisa prestar muita atenção. E inquestionavelmente mais engraçado que os textinhos mal escritos nas embalagens de shampoo.

posted by Unknown | 12:22 PM


segunda-feira, outubro 28, 2002  

Complexo de Sininho e Complexo de Wendy

Outro dia eu estava na praia, tomando água de coco e pegando um bronze. Não tinha nada pra fazer e simplesmente adorava isso; inclusive estava me perguntando por quê não tinha nascido milionária. Era uma pergunta sem resposta. Virei para meu companheiro de praia, sentado na cadeira ao lado, e declarei: “Sabe de uma coisa, acho que sofro de um enorme Complexo de Peter Pan.” Ele respondeu que Complexo de Peter Pan era só pra homem, que nesse caso eu teria que sofrer de Complexo de Sininho. Eu disso: “Então, que seja de Sininho. O negócio é que eu não quero crescer.”

Meu amigo perguntou por quê. Ele, como representante legítimo do Complexo de Peter Pan – nós andamos em grupo – estava querendo saber se eu tinha características suficientes para ser uma complexada. “Muito simples, posso dar a você uma lista”, eu disse. Ele me desafiou com um: então comece. E nós, eternas crianças, saímos do controle quando somos desafiadas.

Pra começar, eu tenho 25 anos e ainda moro com os meus pais. Tudo bem, em parte isso é culpa da realidade sócio-econômica do nosso país, que faz com que seja muito mais difícil para os jovens brasileiros adquirirem seu cantinho de liberdade do que é na Europa, por exemplo. Mas existe uma outra coisa por baixo disso... Existe a comodidade. Uma das principais características dos que querem viver na Terra do Nunca.

Outra coisa: saio para o mesmo tipo de bar e boate desde que eu tenho 16 anos. Juro. Hoje confesso que fico um pouco deprimida quando vou a uma festa e ouço as mesmas músicas que tocavam na Basement, inferninho carioca que inaugurou a minha boemia. Já se passaram 6 anos, caramba, e o povo ainda está ouvindo isso? Depois eu penso: “que se dane” e fico cantando Candy, do Iggy Pop, no meio da pista.

Terceiro ítem: não tenho nenhuma maturidade para relacionamentos sérios. Toda vez que arrumo um namorado que dura mais de seis meses, a cena se repete: ciúmes, possessão, etc etc. Quando alguém me diz namora há oito anos, eu acho que a pessoa é um ser iluminado. Porque eu imagino que relacionamentos longos devem significar entendimento mútuo e amadurecimento – ou seja, incompatíveis comigo. E aí está a minha quarta característica infantil: acreditar que homens e mulheres podem se entender e se respeitar.

O ponto definitivo para a conclusão de que realmente eu sofro de Complexo de Sininho é a atração irresistível por homens com Complexo de Peter Pan. Tão complicadinhos. Com medo de tudo. Tão extremamente freaudianos e édipos, procurando a mãe na figura feminina de cada esquina...

Não sou só eu que gosto de homens assim. Elas também gostam. Elas, as mulheres- absolutas. As que são centradas e têm jeito de mãe. As que exibem sempre conselhos sensatos para horas de desespero. As Complexo de Wendy!

Conheço poucas assim – elas não se misturam com tipos como eu. Mas sei que existem. Elas andam com segurança e fazem mais dinheiro do que eu farei aos 30. Geralmente elas têm cabelos lisos. Tudo em suas vidas é centrado e pesado e discutido com a boa e a má consciência. A única situação que escapa do controle dessas mulheres é o amor pelos Peter Pans.

Esses homens que nunca crescem despertam a mãe que mora dentro das Wendys. Elas já eram loucas pra soltar esse lado há muito tempo e de repente – voilá – têm a oportunidade perfeita nos Peter Pans. Esse casal se completa. Ying e Yang. Positivo e Negativo. Quando se encontram, são felizes para sempre.

Peraí, e as Sininhos? Bom, as Sininhos não são seres humanos. Elas podem ficar sozinhas (e amaldiçoar até a morte a oponente Wendy). Aliás, ninguém nunca sabe quando uma Sininho está triste ou alegre. Porque, nos dois casos, ela passa glitter nos olhos e sai pra dançar. Geralmente a mesma música que tocava há seis anos na Basement.

posted by Unknown | 1:33 PM


sexta-feira, outubro 25, 2002  

De como o meu corpo está cada vez mais parecido com o da minha mãe

Meu avô, do alto da sua sabedoria, costumava dizer a meu pai: "Se quer saber como a sua mulher vai ficar quando envelhecer, olhe para a mãe dela." Essa é a única verdade do mundo. Nós, meninas, precisamos nos acostumar com a idéia de que vamos, um dia, ficar com cara de mães. E, pior do que isso, com barriga e quadril avantajados.

Isso me preocupa. Eu sempre fui mais para magra do que gorda; mas há uns dois anos venho me desentendendo com a balança. Quanto mais malho na academia, mais o peso me engana. "É a massa muscular", dirão aquelas vozes boazinhas de dentro da minha cabeça. Mas eu não acredito nelas, porque as calças estão ficando apertadas e eu já não posso mais usar as mesmas roupas que vestia aos 20 anos.

Tudo começou com uma saia que eu não experimentava há um tempo. Fui colocar e - tchanan - o terror de todas as mulheres do mundo finalmente tinha se abatido sobre a minha pessoa: o bumbum grande. Pior que não era bem a minha bunda que tinha crescido, mas o meu quadril. Lembrei da minha mãe, da minha avó materna e da minha tia. Todas, que horror, cadeirudas. E eu, que sempre reclamei de falta de curvas, agora ganhava duas: acentuadas para a esquerda e para a direita. Que tristeza.

Lembro que a minha mãe era magrinha antes de engravidar. Depois que eu e a minha irmã invadimos sua praia, ela só se recuperou com uma super lipo e uma plástica de redução de seios. Engraçado, porque acho que hoje em dia os médicos desaprenderam a diminuir os peitos; não deve ter nenhuma paciente almejando seios mais discretos. Anyway, eu posso me ver com 40 aninhos sentada na maca, pronta para ser vítima do bisturi.

O lance todo é que só agora eu tenho a impressão de que o tempo está realmente passando. Eu não estou preparada pra isso, não mesmo. Sofro de Complexo de Sininho, ainda não visitei os Lençóis Maranhenses, nem comecei a fazer minhas aulas de mergulho. Eu não estou preparada psicologicamente pra ter o corpo da minha mãe. Mas, como em todas as outras coisas que aconteceram na minha vida, eu vou ter que engolir. Mas vou engolir com mate e limão de garrafão da praia, ok - e não estou nem aí se dá celulite ou não, contanto que continue uma delícia.

posted by Unknown | 11:55 AM


quarta-feira, outubro 23, 2002  

O Melhor Amigo Gay

Toda mulher nos anos 00 tem que ter um melhor amigo gay. É uma lei. Essa tendência já estava ganhando força no final dos anos 90, mas foi impulsionada por Julia Roberts no filme "O Casamento do Meu Melhor Amigo". E hoje a gente tem Will & Grace na tv, só pra lembrar o tempo todo que, apesar de os heteros serem mais úteis, os gays são muito mais divertidos.

Eu, é claro, tenho um melhor amigo gay. E ele é um amigo gay especial, porque eu acompanhei todo o seu processo de sair do armário. Lembro que na 8a. série, quando estudávamos juntos, ele era chamado de mulherzinha pelos outros garotos. Mas só lá pelos 18 anos meu amigo resolveu assumir a sua homossexualidade - encarando toda a família de frente e segurando a barra bem bonito, como tem que ser.

Uma vez a gente saiu junto e viu um menino bonito. Eu e meu amigo gay não sabíamos se o menino era hetero ou não, e passamos a noite inteira observando as maneiras do outro, pra ver se alguma delas delatava sua opção sexual. Não descobrimos. A gente, então, mandou um torpedo pro menino assim: "Eu e meu amigo estamos observando você há um tempo. Se você quiser falar com ele, ligue para ..... Se você quiser falar comigo, ligue para... Se você não quiser falar com nenhum dos dois, que pena." Pedimos pro garçon entregar o bilhete na outra mesa e saímos correndo, com vergonha. O garoto em questão não ligou nem pra mim nem pra ele. Não sabe o que perdeu...

Um amigo gay é bem vindo porque pode conversar com a gente como mulher e ainda assim ter uma opinião masculina. Eles dão dicas maravilhosas de sexo, admiram os meninos na praia junto conosco e sabem ter toda a paciência do mundo na hora de nos acompanhar nas compras. Às vezes os amigos gays são tão perfeitos que a gente fica se perguntando se deveria ter um filho com eles - pra ver se a nossa prole herda todo esse bom gosto por moda, cinema e arte em geral.

Mas é preciso ter cuidado com os amigos gays bonitos. Se não a gente pode acabar se apaixonando e entrando numas de mudar o time do cara. Eu já fiquei muito frustrada de saber que certos meninos eram gays. Mas nunca me apaixonei por nenhum, graças a Deus. Conheço garotas que se apaixonaram e ficaram deprês quando a biba mandou a real: "Olha, se eu gostasse de mulher, com certeza eu ficaria com você". Que coisa; melhor ouvir isso que ser surdo.

Eu não vejo o meu amigo gay há um tempão (não vejo ninguém há um tempão; ando hibernando). Morro de saudades de ir ao cinema com ele e depois ficar horas falando da fotografia do filme. Sem ser chato nem pedante, porque ele não tem a mínima intenção de parecer culto pra mim. E depois de falar da fotografia a gente vai comentar sobre os músculos do ator principal. Tão importantes quanto o resto do filme, é claro.

posted by Unknown | 9:16 AM
archives
links