Mulherzinha.com
Para todas as meninas que se identificam com essas histórias. Para todos os meninos curiosos sobre as manias femininas. Para os desinformados que acreditam que mulheres são anjinhos infantis e intocáveis. Para os machistas e para as feministas me odiarem. E, finalmente, para que eu não me sinta uma louca cheia de manias estranhas e encontre parceiras nas maluquices.


quinta-feira, novembro 27, 2003  

A minha primeira vez

Mulher é um bicho sofredor por excelência. Parece que tudo é mais difícil, mais existencialista, masi pesado para as mulheres. O mundo é cruel. E, como se não fosse suficiente nós termos que conviver com a nossa crise existencial, com a TPM, com os padrões de beleza inatingíveis a la Gisele Bundchen e com o relógio biológico, ainda temos que agüentar a maior das torturas femininas: a depilação.

Sempre me neguei a entrar para o clube das mulheres depiladas. Não que eu fizesse parte de algum clube naturalista, com almoços de domingo com todo mundo pelado e com muitos cabelos embaixo do braço. Eu simplesmente era partidária da forma mais barata - e indolor - de fim dos pelos indesejados: a gilete. Mas, sabe como é, um dia a gente pára para conversar com amigas e elas nos influenciam. E eu sou extremamente influenciável. Então...

Telefone:

- Blá Blá Blá Coiffeur, boa tarde.
- Boa tarde. Eu queria marcar uma depilação.
- Pois não. Tem preferência por alguma profissional?
- Não.
- Ok, então vou marcar você com a Das Dores.

Ótimo. Minha primeira experiência masoquista será com uma depiladora chamada Das Dores. Sugestivo.

Das Dores é modesta. Mora em Bangu e nunca sequer passou em frente à praia da Barra. Eu lhe aviso que é a minha primeira vez na câmara de torturas, e ela pega leve. E bate papo. Fala de coisas da vida dela. De como o marido pede que ela faça desenhos com os pêlos de sua virilha (depois ela me explica que é possível fazer gatinhos e outros animais. Me pergunta se eu quero fazer algum e eu respondo: " não, obrigada, já tem novidade demais hoje").

Uma hora se passa e Das Dores é praticamente minha amiga. Compartilhamos segredos e trocamos dicas sexuais. Chego à conclusão de que a depilação é a versão feminina para a ida ao barbeiro, quando os garotos são recebidos pelo cortador de cabelo com a Playboy do mês nas mãos. Mas o nosso clube, infelizmente, é muito mais doloroso que o deles.

Não vejo Das Dores há um tempo. Troquei a amizade por uma clínica impessoal, porém mais higiênica, com mulheres de máscaras e luvas e decoração clean. É que eu não agüentaria ser amiga de Das Dores. Ia acabar indo buscá-la em Bangu só para mostrar a praia da Barra a ela. E, convenhamos, amigos eu já tenho demais, não preciso conhecer mais ninguém. Das Dores que me perdoe, mas da nossa relação eu só guardo seu cartãozinho, que eu vou mandar pra Trip naquela seção de nomes engraçados.

posted by Unknown | 12:29 PM
 

A mão esquerda (ou direita?)

O último sinal que o mundo nós dá de que não tem jeito, nós estamos mesmo virando adultas, é quando passamos a olhar para as mãos do cara que estamos paquerando. Moivo: a procura por uma aliança. É triste, mas é verdade: quando se passa dos 25 nossos alvos tornam-se homens possivelmente casados.

Eu, com o meu famoso Complexo de Peter Pan, nunca reparo nas mãos dos caras. Até porque não sei em que mão fica o tal anelzinho do compromisso. Eu sou totalmente analfabeta nesses assuntos. Mas tenho amigas que têm olhos de lince para enxergar alianças nos dedos dos garotos. É incrível, identificam o objeto a metros de distância, em boates escuras e enfumaçadas. Um verdadeiro fenômeno.

Outro dia, fui assistir Senhor dos Anéis com uma amiga. Nós éramos praticamente as rainhas dos nerds, já que na sessão só tinham uns meninos de 15 anos fantasiados de hobbit. Bom, mas sabe como é, sempre existe uma possibilidade na multidão. E foi assim que nós reparamos, perdido no meio da criançada, um carinha muuuito interessante.

Daí começam os cochichos de cumadres: " Nossa, que gracinha", "todo tímido, olha só", " será que ele tá sozinho aqui?", "vamos dar um jeito de puxar papo", etc. Esse tipo de diálogo faz parte do ritual, mas a verdade é que a gente fofoca, fofoca, mas não puxa papo com ninguém, nunca (quer dizer, a não ser que o número de gim tônicas consumidas já tenha acionado o foda-se para o comportamento social, mas aí é outra história). E no meio da conhecida seqüencia de frases, minha amiga corta o nosso barato: "Ih, pode esquecer, o cara é casado. Olha lá a aliança dele!"

Casado? Um cara daqueles? Tão novinho. Taí uma coisa que eu não entendo. Por que as pessoas se casam, afinal de contas? A Bárbara disse um dia que, da próxima vez que ouvisse um anúncio de casamento, ao invés de desejar parabéns ia perguntar por quê os pombinhos iam se casar. Acho que vou entrar na dela. Também nunca entendi.

Não vale falar que as pessoas se casam por amor. Isso é mentira. Elas podem até morar juntas porque estão apaixonadas, ou pela necessidade, etc. Mas daí a assinar um contrato de propriedade (alguém discorda que casamento, no final das contas, é isso?) e colocar no dedo um símbolo que diz "atenção, eu já tenho dono (a)", aí é muito diferente.

Eu estou falando tudo isso, mas é óbvio que eu vou casar. Um dia vou casar, ter filhos e alugar DVDs no fim de semana. Mas vou fazer tudo isso por uma razão diferente da maioria. É porque sou uma romântica incorrigível. E, mesmo com todo o meu romantismo, eu não vou usar aliança. Primeiro porque não acho necessário (meu pai não usava aliança, e nem por isso ele traía mais a minha mãe do que o resto da humanidade trai o seu cônjuge). Segundo porque não iria combinar com meus outros acessórios. Sabe como é, não queria ter que abrir mão do meu anel de margarida para ter que usar uma argola dourada...

Ah, mas uma coisa: eu espero que o povo que gosta de casar continue casando. Que ninguém tenha sido influenciado pelo meu texto, pelo amor de deus. Adoro festa de casamento - whisky, buquê, vestidos longos. Ia ser muito triste deixar de ser convidada para festas assim.

posted by Unknown | 12:27 PM
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