Mulherzinha.com
Para todas as meninas que se identificam com essas histórias. Para todos os meninos curiosos sobre as manias femininas. Para os desinformados que acreditam que mulheres são anjinhos infantis e intocáveis. Para os machistas e para as feministas me odiarem. E, finalmente, para que eu não me sinta uma louca cheia de manias estranhas e encontre parceiras nas maluquices.


quinta-feira, julho 24, 2003  

O que está acontecendo com as mulheres?

Tá todo mundo com medo. Não é exagero meu. Tenho reparado nas reações das minhas amigas – dos 25 aos 30 anos – quando conhecem um carinha novo. A primeira pergunta que vem à cabeça é: será que ele tem namorada? A segunda é: será que ele é um galinha? E a terceira, já quando rolou o primeiro beijo, é: ai meu Deus, será que eu vou me apaixonar por ele?

Cena básica 1: eu e uma amiga indo pra uma festa no meio da semana

Ela: Aquele nojento não me ligou! Não quero nem saber, vou encher a cara, vou ficar com alguém, vou me divertir! Eu não preciso dele nem de ninguém.
Eu: Calma, garota. Quando foi a última vez que vocês se falaram?
Ela: Há dois dias. Ontem eu liguei e deixei recado. E ele não me retornou! Homem não presta.
Eu: Ah, relaxa. De repente não deu pra ele ligar...
Ela: Não deu?! Como assim?! Tem que dar!! Mas ele já está riscado da minha lista

(toca o telefone celular dela)

Ela: Oi, menino! (bem manhosa) É, to indo a uma festa... Passa lá pra encontrar comigo? Ok, to te esperando. Beijinho.

Sem comentários.

Cena básica 2: eu e uma amiga indo pra outra festa no meio de outra semana

Ela: Ah, não quero nem saber, eu to numa fase de ficar com um monte e não gostar de ninguém.
Eu: Fase que já dura uns dois anos, ne...
Ela: Não. Eu gostei de um aí. Mas ele não quis nada comigo... Dizia que não queria se comprometer.
Eu: e cadê ele agora?
Ela: Voltou com a namorada. Que é casada.

Cena básica 3: eu e minha irmã conversando no quarto

Ela: O fulano não fica no meu pé como antes. E bem agora que eu tô ficando a fim dele...
Eu: Vai ver ele cansou de ficar te ligando e você esnobando ele, né.
Ela: Eu nunca esnobei ele! Eu apenas não queria sair com ele antes. Queria que ele fosse meu amigo....
Eu: Rá! Deixa de ser boba. Agora que ele não está mais te bajulando você está a fim.
Ela: Ai, será que ele vai ligar? Será que eu ligo? Será que ele vai estar na Nuth hoje?
Eu: Liga logo pra ele e marca!
Ela liga. Eles marcam. Mas, infelizmente, não foram felizes pra sempre.

Cena básica 4: Reunião de mulheres na casa de alguma delas.

Mulher1: Cheguei à conclusão de que, na nossa idade, quem está solteiro vai ficar solteiro pra sempre. É o solteirão convicto. Nem adianta tentar. A gente tem que ver aqueles que têm perfil de compromisso.
Mulher2: Os homens são todos uns covardes. Tremem nas bases quando estão se apaixonando por alguém. Amarelam. Todos muito manés.
Mulher3: A situação clássica de “ele começou a gostar mas não quis abrir mão de todas as meninas que pode comer quando está solteiro.”
Mulher2: A mulherada está um perigo. Elas estão atacando. Desse jeito, não tem como segurar alguém por muito tempo.

Eu (rezando baixinho): Ai, meu Deusinho querido, por favor libera toda essa gente de tanta dor de cotovelo! Inclusive essa que vos fala.

Alguma coisa de estranho acontece com as mulheres à beira dos trinta. Alguém, por favor, me libere de passar por isso.

posted by Unknown | 3:34 PM


terça-feira, julho 15, 2003  

Eu preciso contar isso pra alguém

Mulher tem mania de dividir com as amigas as coisas boas que acontecem com ela. E também as coisas ruins. E também as coisas previsiveis. E também os acasos, os programados, os inesperados, as riquezas, as perdas, as dores de corno e as receitas de pavê de chocolate. Mulher tem mania de contar tudo. Até o que o cara fez ou deixou de fazer nos momentos de, digamos assim, intimidades carnais.

E tem mais: amiga que é amiga tem que fazer o follow up dos acontecimentos. Por exemplo: nao basta a outra ouvir que hoje você conheceu um cara lindo. Ela tem o dever de perguntar amanha se o cara ligou de noite. Se ela nao perguntar, a interlocutora tem um dos piores defeitos da humanidade: o de nao escutar o que você estah falando. Por isso, os segredos devem ser divididos e seguidos como se fossem capitulos de novela.

Tudo vai muito bem enquanto as coisas estao seguindo o caminho do crescimento. Eh otimo contar para os outros que tudo estah dando certo e que em breve você entrarah em estado de gloria absoluta e se tornarah, assim, uma espécie de Mulher Maravilha dos anos 00. O problema é quando a gente leva uns puxoes de tapete e a historia toda dah pra tras. Contar tristeza soh é bom quando a gente estah a fim de desabafar. Mas, como umas dez pessoas diferentes ouviram a mesma historia (na época em que tudo de bom estava acontecendo), as mesmas dez pessoas gostarao de saber o que aconteceu depois. E você se verah obrigada a repetir aquela ladainha triste inumeras vezes. E vai ficar deprimida todas essas vezes.

Depois de contar a parte ruim, o mais comum é que a gente pense: “Da proxima vez, vou guardar a historia pra mim até que eu tenha o produto concreto daquilo nas maos.” A gente pensa isso, pensa em absurdos como olho gordo, inveja, azar e macumba – inclusive, considerando a possibilidade de ter uma falsa amiga entre nos. Mas nao tem jeito. Eh tao naturalmente feminino quanto progesterona, estrogênio e todos esses hormônios que causam crises existenciais. E entao, na proxima boa novidade, nao conseguiremos esconder o sorrisinho de satisfaçao. O mesmo que vai fazer com que nossas companheiras mandem emails desesperados perguntando o por quê de tanto bom humor. E vamos contar tudo, tintim por tintim, na hora daquele cafezinho da tarde.

posted by Unknown | 3:56 PM
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