Mulherzinha.com
Para todas as meninas que se identificam com essas histórias. Para todos os meninos curiosos sobre as manias femininas. Para os desinformados que acreditam que mulheres são anjinhos infantis e intocáveis. Para os machistas e para as feministas me odiarem. E, finalmente, para que eu não me sinta uma louca cheia de manias estranhas e encontre parceiras nas maluquices.


quinta-feira, novembro 28, 2002  

O Avesso da TPM

Às vezes isso acontece comigo, não sei por quê. Acordo e me olho no espelho pensando em como eu sou interessante e gostosa, e saio andando na rua brilhando mais que o sol. Nessas horas eu sou invencível, uma deusa do sexo capaz de arrastar atrás de si uma multidão de homens apaixonados.

É bom quando isso acontece, mas é muito perigoso. Eu acho que se eu acordasse assim todos os dias ia virar a pessoa mais insuportável do mundo. É nesses dias que se algum desafeto meu cruza o meu caminho é fuzilado com todo o meu desprezo. E eu saboreio o olhar de humilhação que se estabelece nos seus rotos quando passo apenas cumprimento com o "oi" mais blasé do mundo. Eu posso ser muito sebosa, às vezes.

Eu tenho esse poder de me sentir rainha do universo, mas ele só me é concedido que nem o cometa Harley: de 76 em 76 anos. Ontem eu estava assim. Encontrei duas pessoas que me incomodam e fui muito escrota com as duas. Não má - escrota mesmo.

Tinha essa menina que namora um amigo meu e que foi bastante sonsa comigo em determinada ocasião. Eu estava numa festa, toda de preto e colares grandes e cabelos ruivos esvoaçantes quando o meu amigo chegou com sua menina. Falei com ele e ignorei ela. Passei a noite inteira conversando com o meu amigo sem olhar uma vez sequer pra sua companheira. No final da noite, ela veio se despedir de mim com o rabinho entre as pernas. Me despedida e me virei imediatamente para continuar o papo em que estava entretida. Foi jogo baixo, mas foi merecido.

Semana que vem eu encontro com ela e prometo que a trato bem. Mas ontem foi a minha noite.

Hoje estou normal de novo, e sinto até um milímetro de remorso corroendo meus pensamentos, mas trato de afastar rapidinho. É bom dar uma pequena lição em quem merece, e eu deixo as minhas aulas de humildade pra quando o Avesso da TPM me acomete. Mas nào se preocupem. A vingança é muito boa, mas não é a razão da minha vida.

posted by Unknown | 2:03 PM


terça-feira, novembro 26, 2002  

tentando colocar comentários....

posted by Unknown | 6:29 AM


terça-feira, novembro 19, 2002  

Véspera de Feriado

Véspera de feriado é uma das coisas mais ridículas que existem, profissionalmente falando. Ninguém faz seu serviço direito de tanta ansiedade pelo dia de amanhã, e os emails pipocam com programações irrealizáveis (festa de hip hop no ballroom? Lapa? Baixo gávea? DVD? dormir cedo pra acordar cedo e ir pra praia?). São milhões de mensagens que congestionam a sua caixa de correio e o seu tempo. E vc tem que se decidir. Vc é obrigado a fazer do feriado o dia mais louco de todos os tempos. Ficar em casa é sinal de que vc é uma pessoa anti-social e sem amigos. Por isso, todo e qualquer convite é bem vindo - a decisão de qual deles aceitar fica pra depois.

De repente, vc se vê fazendo coisas que só faz quando está efetivamente em um final de semana. Depois do almoço, vc chuta a dieta pro alto e manda ver numa torta alemã luxuriosa. Vc começa a fazer as contas de quanto pode gastar e quanto tem que economizar para não passar fome o resto do mês. E, depois disso tudo, vc sai correndo pra comprar um corretivo no shopping porque o seu acabou e nem pensar em sair sem disfarçar essas olheiras.

Finalmente vc decide qual das programações irá abraçar - e essa decisão, obviamente, tem a ver com ó sexo oposto. Assim que chega em casa, começa a pensar em que roupa irá usar e sonha em esticar o dating até o fim de semana.

Depois de pensar sobre tudo isso, eu olhei pro lado e vi uma pilha de trabalho não realizado. Nem pensar em sair mais cedo. Pode esquecer a passadinha no shopping. Tentei falar com os meus amigos mas os celulares estavam fora da área. Ainda me restam, até agora, os DVDs. A vida muda de time rapidinho, não é mesmo?

posted by Unknown | 1:00 PM


quinta-feira, novembro 07, 2002  

Quarta feira no bar

Ontem foi dia de encontrar meu amiguinhos de faculdade no Empório. A gente só consegue consumar esse encontro durante a semana, porque no final de semana todo mundo tem o que fazer - menos eu. Dois dos integrantes do grupo - apelidados por mim carinhosamente de "os terroristas" - têm filhos pequenos, e um outro tem uma namorada/esposa que requer muita atenção. Eu sou a única sem amarras. Mas, de qualquer maneira, ainda conseguimos nos encontrar em happy hours que geralmente terminam às 2h da manhã.

Atrás de nós estava o Bruno do Big Brother Brasil 2. É engraçado ver esses caras do BBB passeando pelo Rio, porque a fama deles é tão meteórica que quando vemos alguns deles na rua, temos e impressão de que conhecemos aquela pessoa e não sabemos bem de onde. Quando o tal do Bruno entrou, minha amiga perguntou pra mim se ele não era algum estudante dos nossos tempos de Puc. Tive que explicar que não, que ele era da televisão, que tinha passado no tal reality show e que agora se tratava de mais um rosto esquecido. Ele ficou sentado numa mesa próxima e foi embora algum tempo depois. Ninguém pediu seu autógrafo nem quis tirar fotos com ele. Talvez ele já esteja se acostumando de novo em ser um ilustre desconhecido.

Logo os gringos começaram a aparecer. Ninguém entende por quê o Empório gera essa atração entre os estrangeiros, sempre circulando pelo bar atrás de meninas morenas e de cabelo crespo. É a teoria que um dos terroristas formou sobre relacionamentos sexuais internacionais: quando os gringos vêm ao Brasil, eles procuram mulatas boazudas ou morenas calientes. Nenhum nunca quer saber de mim, a imitação falsificada de francesa. O raciocínio é bem lógico: se esses gringos podem ter as originais, por que se interessariam pelas cópias terceiro mundistas? Claro que existem as exceções, que só servem para confirmar a minha teoria.

Em dado momento eu fiquei de pilequinho. Em plena dieta, estava com a barriga mais vazia que o show do John Spencer Blues Explosion no Rio, o que facilitou a ação do gim. Resolvi, então, "jantar" e pedi uma tábua de frios. Salaminho e roast beef com gim-tônica são o meu tipo de dieta, definitivamente. Tudo para não comer os carboidratos da pizza.

Toda vez que eu ameaçava pedir uma coca light, era xingada pelos meus companheiros de mesa. Só haviam duas meninas sentadas - contando comigo - e o resto das cadeiras estava ocupado por uns dez homens roqueiros. Estou ficando bastante acostumada a sair cercada de 300 homens, e acho muito estranho quando sento numa mesa de mulherzinhas como eu. Só tenho medo de um dia começar a fazer comentários acompanhados de barulhos inexplicáveis quando ver um homem bonito, já que é assim que reagem meus amiguinhos toda vez que passa uma mulher que eles consideram gostosa.

Um dos garotos, o mais novo de todos, perguntou pra mim se era muito machismo ele folhear revistas como Boa Forma e Nova separando as modelos que ele comeria das que ele nunca chegaria perto. Eu disse: "Imagina, isso não é machismo, isso é ser homem". Todos na mesa imediatamente olharam pra mim com aquela expressão de "saia daqui sua feminista queimadora de sutiã". Mas eu não dei bola, porque geralmente sou taxada de machista pelas minhas companheiras de gênero.

Depois as coisas foram ficando mais devagar. Eu pedi uma coca. Um amigo meu que tinha jurado que seria solteiro pra sempre se levantou para atender a namorada que estava ligando para seu celular - namorada que ele fazia questão de não apresentar para o grupo. O pai do filho da minha amiga passava mensagens de texto ameaçadoras para o celular dela. Tenho uma outra teoria sobre isso: o celular acaba com qualquer relacionamento saudável, seja de amizade ou sexual. E então, eles pediram a conta e fomos todos pra casa.

E eu? Bom, quando eu estava indo embora encontrei um menino com quem saí duas vezes. Era pra ele me odiar mas, por alguma estranha razão do universo, ele não me odeia. Ao contrário. Ele sempre sorri pra mim um sorriso mais largo que o habitual. Hoje resolvi ligar pra ele, só pra checar como andam as coisas. Ele poderia ter atendido, mas não atendeu. Também não estou me importando muito. Achei que esse encontro aos 45 do segundo tempo era o acaso funcionando, mas tenho que repensar toda essa história de acasos e sinais dos deuses. E, afinal de contas, quem me garantiu que encontrar com aquele menino era um sinal positivo do além? Poderia, como deve ter sido, só mais um sinal do gim agindo sobre o meu estômago vazio.

posted by Unknown | 2:47 PM
 

Espaço em branco para apagar posts duplicados duas vezes.

posted by Unknown | 2:47 PM


quarta-feira, novembro 06, 2002  

Eu e as dicas para a paquera

Ganhei de uma amiga um livro chamado “101 dicas para a Paquera”. É claro que ela me deu o presente como piada, depois que nós fomos a um pub e eu não consegui dar um passo em direção ao meu alvo. Porque é claro que tinha um alvo, já que era o pub da moda, cheio de gente jovem e bronzeada. Só que o meu alvo não fazia a mínima idéia das minhas verdadeiras intenções, e eu simplesmente não conseguia mostrá-las. Depois desse dia eu nunca mais vi o cara e, na boa, não tenho muita vontade de vê-lo.

Na semana seguinte, estava lá o meu embrulho sendo entregue pelo correio. Esse é um livro escrito em tópicos, ou melhor, em lições: o leitor vai aprendendo a arte de flertar. Juro que eu morreria pra ver uma foto da autora. Tenho quase certeza de que se trata de uma americana obesa. Mas os editores espertamente não colocaram a foto dela na contracapa. Alguém duvida que se ela fosse um mulherão estaria com a carinha estampada pelo menos na orelha do seu livro? Pois é, minhas dúvidas quanto ao conteúdo começaram daí. Porque, apesar de eu ter ganho como piada, eu estava pronta pra ler aquilo a sério. Mais como um estudo antropológico, mas levando a sério.

Hoje estou na lição 50, metade do caminho. Bom, até agora eu posso confessar que houve um bom conselho: o de sorrir mais. Ela diz pra sorrir pra todo mundo, de bobeira, mesmo pra quem a gente não conhece. Tentei fazer isso um dia mas não consegui; fiquei com vergonha (e me senti uma retardada). Pelo menos passei a fazer isso com quem eu conheço. É que eu posso ser muito séria, de vez em quando.

O resto, acho que posso jogar no lixo. Ela fala, por exemplo, sobre como flertar no supermercado. Bom, não sei os outros humanos, mas eu nunca vi ninguém bonito no supermercado. Pra fazer compras é obrigatório que todas as pessoas estejam vestidas com as suas piores roupas, com os cabelos despenteados e com um leve mau humor. Anyway, suponhamos que eu estivesse em um supermercados, arrumada (o que já seria um milagre) e de repente desse de cara com o, sei lá, Du Moscovis. (lembrei dele porque acabei de vê-lo numa lanchonete. Comentário mulherzinha da vez: uuuuuhhhhhhhhh, ele é um gostoso). Beleza. Até parece que eu ia esbarrar com o meu carrinho no do Du Moscovis. Ou pedir conselhos quanto a marcas de produtos. Ou sugerir que ele não levasse aquela marca de refrigerante porque a empresa utiliza mão de obra infantil na Ásia.

Imagina a cara que o Du Moscovis ia fazer. No máximo, ele ia dar um sorrisinho polido – e eu já teria me dado bem, ganhando um sorrisinho dele, uaaaaaaaaaau. Mas a probabilidade de ele me achar uma mala é muito maior que a de ele me achar uma mulher interessante. Milhões de vezes maios. Se um cara me pára no supermercado pra perguntar qual o melhor detergente, eu saio correndo. Tenho medo, muito medo. De gente que puxa papo do nada. Porque a última vez que eu dei corda pra uma pessoa que puxou papo comigo no ônibus, fui ouvindo a história de vida desse ser humano até o meu ponto. E histórias do tipo: “aí, a minha tia teve que ir no ginecologista e descobriu que estava com um cisto na vagina e teve que operar, mas antes era um sangue só, quando ficava menstruada, ...” e eu quase vomitava.

Bom, porque foi um presente e porque ainda faltam várias lições pra eu ler, não joguei o livro fora. Ele fica estrategicamente colocado no banheiro, para entreter a mim mesma e aos que estiverem hospedados na minha casa. É o tipo de leitura ideal para este cômodo: em tópicos, com palavras fáceis e tema supérfluo, do tipo que a gente não precisa prestar muita atenção. E inquestionavelmente mais engraçado que os textinhos mal escritos nas embalagens de shampoo.

posted by Unknown | 12:22 PM
archives
links