Mulherzinha.com
Para todas as meninas que se identificam com essas histórias. Para todos os meninos curiosos sobre as manias femininas. Para os desinformados que acreditam que mulheres são anjinhos infantis e intocáveis. Para os machistas e para as feministas me odiarem. E, finalmente, para que eu não me sinta uma louca cheia de manias estranhas e encontre parceiras nas maluquices.


terça-feira, abril 22, 2003  

Os filmes e a vida afetiva

Existem filmes que me deixam mal. Geralmente sao filminhos que todo mundo encara como se fossem inofensivos, mas que na verdade carregam uma concepç?o de amor e relacionamento que estah totalmente por fora da minha realidade. Eis aih o porquê da minha melancolia: eu queria que a minha vida fosse um filme da Meg Ryan.

Ok, Meg Ryan nao, porque aih jah é pegar pesado demais. Talvez o meu filme esteja mais para “Proxima Parada: Wonderland”. Uma coisa assim desencontrada, um azar de acasos que depois culmina em final feliz. Eu acho que todo mundo merece um final feliz na vida amorosa. Até meus inimigos. Talvez até o Fernandinho Beira Mar. Quem sabe amando intensamente ele nao sossega um pouco e abandona o mundo do crime? Mas enquanto eu nao chego la, no mundo magico dos happy ends, confesso que esses filminhos me incomodam.

Outro exemplo é o “Lucia e o Sexo”. Eu fiquei meio obcecada por esse filme e acabei saindo tristinha do cinema. Depois, revi em video (acompanhada) e o efeito foi o mesmo. A razao é a seguinte: no começo do filme, a Lucia vai até um cara que estah sentado em um bar e pede pra conversar com ele. Ela diz que é garçonete, que trabalha em um restaurante proximo ao bar, que estah saindo com o chefe dela e que, hoje, o chefe perguntou o que ela acharia dos dois morarem juntos. Ela disse que precisava pensar, e abordou o cara do bar porque queria consulta-lo antes. Acontece que o cara do bar é um escritor de quem Lucia tem todos os livros. Ela diz para o escritor que é apaixonado por ele, que sabe que ele freqüenta aquele bar e que, na verdade, ela queria morar com ele (o escritor). E termina dizendo que com o tempo com certeza o escritor se apaixonaria por ela também. O homem ouve tudo calado, e no final apenas fala: “Acho que jah estou me apaixonando.” Pega a Lucia pela mao e diz que é preciso comemorar aquele dia. O dia em que os dois iriam morar juntos.

Me diz: isso é possivel de acontecer na vida real?

Mas eu nao sou a Lucia, nem a menina do Wonderland, nem a Meg Ryan. Fica dificil aceitar as poucas ofertas do destino que me aparecem. Eu sempre fantasio. E sempre acho que a realidade é muito sem graça. Mas, do mesmo modo que eu sou viciada em cigarro, chocolate, gim tônica e mais um monte de coisas que fazem mal, eu também sou viciada em filminhos de final feliz. Eh o mulherzinha way of life. A gente luta, luta, luta contra isso, mas continua sem perder um capitulo de Ally MacBeal. Fazendo segredo pra que ninguém descubra e acabe com a sua reputaçao.

posted by Unknown | 3:32 PM


terça-feira, abril 08, 2003  

Agora eu ando por aqui direto. Desde que o Blogger resolveu que o meu blog antigo - Pequenas Observações sobre coisas sem importância - deveria parar de funcionar. É uma pena. Convenhamos: esse era o melhor nome de blog da rede!! Enfim, uma nova era se inicia. À todos que por aqui estão passando: sejam bem vindos.

posted by Unknown | 4:12 PM
 

Quantos acasos sao necessarios pra unir duas pessoas?

Marcelo namorava uma menina ha seis anos. Ela havia passado com ele a adolescência, cultivando com o namorado os desejos e sonhos de vê-lo tornar-se um cara famoso, endinheirado e bem-resolvido. O problema era que Marcelo, como ser humano naturalmente miseravel como todos nos somos, subiu no salto alto assim que surgiu em sua vida uma pequena amostra de reconhecimento, bens matérias e auto conhecimento. Subiu a tal ponto que ele resolveu que, para uma melhor aprendizagem da vida, ele precisava ciscar por outras areas.

A pobre da namorada – uma menina meiguinha e muito apaixonada por ele – ficava em casa esperando que o amado voltasse das bebedeiras que, segundo ele, eram fundamentais para que o mundo fosse entendido e degustado por sua alma sempre carente de novos aprendizados. Ela esperava, esperava, meio Amélia, lendo Clarice Lispector. E ele chegava em casa e beijava a menina no rosto e dormia com ela, agarradinho.

Um dia, porém, ela cansou. Chorou, sofreu e terminou o namoro. De repente o Marcelo nao tinha mais o seu chao - porque a namorada, naquele tempo, trazia de volta ao planeta Terra os pés de Marcelo, que andava por estratosferas muuuito longe da realidade. Quando ela disse “chega”, ele levou um tombo. Nao esperava. E o pior: ela encontrou outro menino que estava para ela assim como ela estivera para Marcelo.

Marcelo andou sozinho durante semanas. Era um trapo. Sentia falta da namorada e nao conseguia mais trabalhar. Deixou a barba crescer. Decidiu que nao deveria mais tomar cerveja – mas rompeu com a promessa no primeiro bar que encontrou. Tornou-se melancolico e ganhou uma certa humildade. E foi justamente aih, na humildade reconquistada, que ele atraiu a atençao da Bianca.

A Bianca era uma mulher que ele havia conhecido ha um ano. Ele jah tinha encontrado novamente com ela algumas vezes, mas os dois nao ficavam juntos. Havia alguma coisa de errado, algo que nao permitia a uniao. E agora, quando ela voltou à sua vida, quando ele estava em plena dor de cotovelo, Marcelo n?o pôde deixar de sentir uma certa euforia.

Enquanto isso, a situaçao de Bianca era a seguinte: ela também havia acabado de levar um fora. Mas, ao contrario da maioria dos foras, ela é quem tinha dado um basta ao seu relacionamento. Sofria porque ainda gostava do ex, e planejava se livrar da lembrança do antigo namorado nos braços de outro. Foi quando reencontrou Marcelo, que lhe contou minuciosamente todas as suas afliçoes de coraçao. Bianca viu nele a possibilidade de afogar suas magoas, uma vê que ambos passavam por uma situaçao parecida.
Marcaram uma saida. Sairam. E hoje se casaram? Nao. Aih é que se encaixa a maldade da vida. Para Bianca, Marcelo era um cara bonito, inteligente e tal. Mas ele tinha um problema grave. Gravissimo. Ele beijava muuuito mal. Ela nao conseguia continuar com ele e deu um cha de sumiço.

E o outro, que ainda estava tentando reaver a namorada, nao lamentou muito a ausência da Bianca. Na verdade, ele considerava a Bianca uma menina muito fria, distante... e nao conseguia entender por que ela agia assim. Vai ver nao tinham sido feitos um para o outro. E hoje os dois andam sozinhos.

posted by Unknown | 4:12 PM


sábado, abril 05, 2003  

O dia em que peguei o buquê.

Confesso que sempre tive vontade de pegar o buquê da noiva. Quem pega o buquê deixa o universo dos simples figurantes de casamento – os convidados – e passa a integrar o seleto grupo dos personagens coadjuvantes: pais, irmaos e padrinhos dos noivos. Eh como se tornar uma celebridade. Desconhecidos vêm até você dar os parabéns pela conquista; fotografos de terno e gravata pedem para que você pose ao lado dos donos da festa; os pais do noivo e da noiva pedem para te conhecer. De repente, gente que você nem viu que estava na festa conhece o seu rosto. Eh uma pequena gloria.

No dia em que eu tive a experiência de pegar as flores da noiva, eu estava no casamento de uma amiga de trabalho. Todos os meus carissimos colegas estavam sentados em uma mesa, mordiscando salgadinhos de camarao, quando eu cheguei com o meu troféu, erguido sobre a cabeça, num gesto de vitoria. Confesso que nao foi muito dificil conquistar a liderança, jah que do meu lado esquerdo estava uma garotinha de dois anos no colo do pai e, à direita, estava uma das tias da noiva. Eu me posicionei estrategicamente na primeira fila. Quando as rosas foram jogadas pro alto, peguei o rebote de alguma mulher que estava na fila de tras e nao teve força para agarrar o prêmio que lhe caia nas maos.

Agora que sou experiente no assunto, revelo segredos infaliveis para que o buquê seja agarrado.
Primeiro: posicione-se na primeira fila. As noivas, tadinhas, sempre estao cansadas demais pra jogar suas flores muito longe. Pode reparar que sempre as solteironas da primeira fila ganham. Tah certo que elas nunca casam, mas elas ganham – e o que importa é acaba sendo isso mesmo.
Segundo: certifique-se de que você estah ao lado de concorrentes menos favorecidas que você – seja em altura, agilidade ou idade.
Terceiro: avise antes à noiva que você estarah na disputa, e que você queria muito conseguir pegar o buquê, porque você anda pensando em casar e nao tem pretendente. Chore um pouco, se conseguir. Isso derreterah o coraçao dela, e com certeza você serah favorecida.
Quarto: se o buquê cair direto nas suas maos, agarre forte. Essa mulherada anda muito desesperada hoje em dia; pode ser que tentem arranca-lo de você.
Quinto: nao menospreze os rebotes. Sempre tem uma que deixa o buquê cair no chao. Observe onde ele caiu e parta pra cima dele imediatamente. Esqueça o mico – você estah na fila do buquê; isso jah é mico suficiente.

Depois que o casamento acabou, fui para o aniversario de um amigo em um boteco em Botafogo. Cheguei de longo, pérolas e buquê na mao. A gente tem que aproveitar ao maximo o nosso dia de pequenas celebridades.

posted by Unknown | 10:43 AM
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